Título: O toma-lá-dá-cá
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 15/06/2005, País, p. A7

BRASÍLIA - Na sua longa exposição, o presidente do PTB, Roberto Jefferson fez questão de apontar as várias negociações políticas para indicações de cargos em empresas do governo em troca de contribuições para campanhas. Contou que o presidente Lula queria tirar o ¿dr. Dimas (Fabiano Toledo) da Diretoria de Engenharia de Furnas. E pediu a nós, eu e o Walfrido (dos Mares Guia), que indicássemos um nome para o lugar do Dimas.¿ Segundo Jefferson, o presidente estava magoado com o governador Aécio Neves que, ¿usando toda a transferência de recursos que Furnas faz para a Cemig, fez um programa de mais de R$ 1 bilhão em Minas Gerais chamado Uma Luz Para Todos.¿ ¿ Nessa época o governador Aécio vinha batendo no presidente. O presidente Lula se sentiu traído pelo Aécio.

Ainda durante a exposição de Jefferson, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) informou na reunião do Conselho de Ética, que telefonou para a deputada licenciada Raquel Teixeira, que está Europa, e ela comprometeu-se em revelar ao conselho os nomes das pessoas que lhe ofereceram o pagamento do ¿mensalão¿ e mais R$ 1 milhão para trocar de partido.

¿ Desconfio que não estou mais sozinho ¿ reagiu Jefferson.

O presidente do PTB fez questão de apontar caminhos para a CPI Mista dos Correios. No rol de denúncias de corrupção preparadas estavam o Correio Noturno, a Diretoria de Informática dos Correios, controlada pelo PT, e empresas como a Valec, presidida por Juquinha das Neves, tido como homem de confiança do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em Goiânia, Skymaster e Novadata, empresa de Mauro Dutra, compadre do presidente Lula.

A cada intervenção de um deputado, um advogado lhe instruía. Eram a esses advogados que Jefferson pedia documentos para embasar denúncias aos parlamentares.