Título: Jobim: 'Parlamento resolve crise'
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 15/06/2005, País, p. A8
BRASÍLIA - Ao instalar ontem o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o ministro Nelson Jobim, presidente do Supremo Tribunal Federal, afirmou que o atual momento político será resolvido no Parlamento, com a ''consolidação do processo democrático por sobre uma crise politico-partidária'', já que a ''democracia de consenso é uma democracia de autoritarismos'', enquanto ''a democracia é exatamente a administração do dissenso''. Ele lembrou que o chamado controle externo do Judiciário, a ser exercido pelo CNJ - formado por 15 pessoas, das quais seis estranhas à magistratura - gerou um clima de ''ódio e de conflito'' quando começou a ser discutido na Constituinte de 1987 e que só agora, com a superação das divergências no Congresso, foi possível instituí-lo como um ''órgão plural e representativo da sociedade''.
- Temos de ter confiança nas instituições, sobretudo no Parlamento, onde devem ser resolvidas as crises do país - comentou Jobim, logo após a cerimônia realizada no auditório da 1º Turma do STF.
O discurso de improviso de Jobim foi o único em que houve referência direta à crise política. O procurador-geral Cláudio Fonteles limitou-se a dizer que ''crises fazem parte da democracia''. Com relação ao CNJ, o presidente do STF frisou:
- Somos um órgão plural para exercer funções da nação, e não para marcar posições individuais.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou que o CNJ ''não é um instrumento contra o Poder Judiciário, mas a seu favor''. O presidente da OAB, Roberto Busato, ressaltou que a ''vigilância da sociedade'' através do CNJ é ''um poderoso elo entre os cidadãos e o Estado''.