Título: Sem impacto na economia
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 15/06/2005, Economia & Negócios, p. A19

O presidente da Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento (Alide), Mário Laborín, acredita que as turbulências políticas na América Latina, especialmente na Bolívia e no Brasil, não trarão efeitos negativos às economias desses países. Segundo ele, que também é diretor geral da Nacional Financiera S.N.C (Nafinsa), do México, as medidas econômicas de longo prazo que vêm sendo tomadas pelos países latinos têm contribuído para garantir estabilidade duradoura. Ele destacou que, cada vez mais, o aspecto econômico vem se distanciando do político e deu o exemplo do Brasil, que ''tem feito boas captações externas''.

No Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), onde participou da 35ª reunião da Assembléia Geral da Alide, Laborín falou ainda das perspectivas para a América Latina para a retomada do crescimento em função do contexto internacional mais favorável. Afirmou que os países da região vêm cumprindo com êxito a ''tarefa de barrar a inflação'' e têm implementado políticas econômicas de longo prazo. Para o executivo, o acerto das medidas está refletido em indicadores como o crescimento das bolsas de valores do Brasil e México. Ele ressaltou ainda a queda da taxa de risco desses países proporciona a captação de recursos no mercado externo em condições mais favoráveis.

Na abertura do evento, o presidente do BNDES, Guido Mantega, defendeu maior coordenação entre os bancos de fomento da América Latina e o mercado. Ele destacou, no entanto, que as necessidades da economia e as formas de atuação desses bancos mudaram ao longo do tempo e devem ser adaptadas à realidade. Mantega frisou que as últimas décadas de políticas liberalizantes e de redução do papel do Estado na economia ''deixaram um saldo insatisfatório na maioria dos países que a adotaram''.

- Ficou provada a necessidade de se adotar uma nova estratégia - disse, ressalvando que não se trata de volta ao desenvolvimentismo.