Título: Eleição da UnB pode sofrer boicote
Autor: Lorenna Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 15/06/2005, Brasília, p. D1
Começa hoje a eleição para reitor da Universidade de Brasília (UnB). O atual vice-reitor e professor de psicologia Timothy Mulholland, o professor de Comunicação Luiz Gonzaga Motta e o professor de Sociologia Michelangelo Giotto Trigueiro disputam a vaga. Trinta e nove urnas eletrônicas foram distribuídas em 13 seções de votação localizadas em pontos estratégicos da universidade. Cada seção terá três urnas, destinadas separadamente para professores, funcionários e alunos. - Procuramos distribuir as urnas de maneira a facilitar o acesso dos eleitores. O voto não é obrigatório e, por isso, quanto mais acessíveis as urnas, mais pessoas votarão. Acreditamos que quanto maior a participação dos eleitores, maior a legitimidade do processo eleitoral - afirma José Matias Pereira, presidente da Comissão Organizadora da Consulta (COC).
Os eleitores podem votam hoje e amanhã, de 7h30 às 21h. Para reforçar a segurança, este ano a COC instalou câmeras de vídeo em cada uma das salas de votação. Além disso, a Polícia Federal estará no campus durante a votação. A COC espera anunciar o resultado da eleição amanhã, às 23h.
Na UnB, o clima de eleição não contagiou muitos dos alunos. Estudante de Engenharia Florestal, Mateus Rocha não sabia que a eleição começa hoje e nem conhecia nenhum dos convidados.
- Nós estudantes não temos representatividade na eleição para reitor, por isso acabamos nos desinteressando - explica.
No sistema de paridade adotado na eleição, os votos de estudantes equivalem a 15% do total, mesma proporção reservada aos funcionários. Os votos dos professores equivalem a 70%. Inconformado com a diferença de proporcionalidade, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) resolveu fazer campanha pelo voto nulo.
- Esse processo eleitoral começou de forma errada, desde a reunião do Conselho Universitário (Consuni), quando nossos conselheiros foram impedidos de votar. Não há legitimidade em uma eleição onde os eleitores não foram ouvidos - afirma o coordenador geral do DCE, Wagner Guimarães.
Lúcia Nascimento, estudante de Pedagogia resolveu aderir ao boicote do DCE.
- Anular o nosso voto é uma meio de protestar contra o formato presente das eleições, de mostrar que nós queremos sim ter representatividade - diz.
Entre os funcionários e professores, nada de boicote.
- Procurei conhecer os candidatos e suas propostas e já fiz minha opção. Acho importante participar do processo, estamos escolhendo os rumos da UnB - afirma o funcionário do Centro de Processamento de Dados, José Rubens.