Título: A trajetória de José Dirceu
Autor: Karla Correia
Fonte: Jornal do Brasil, 17/06/2005, País, p. A3
MOVIMENTO ESTUDANTIL José Dirceu de Oliveira e Silva, de 59 anos , iniciou sua vida política no movimento estudantil. Em 1965, começou a cursar Direito na PUC-SP, onde presidiu o Centro Acadêmico 22 de Agosto. Em 1968, foi preso em Ibiúna (SP), ao participar de um congresso da UNE. Foi libertado em 1969 em troca do embaixador dos EUA Charles Elbrick. Deixou o Brasil/ EXÍLIO Exilado, Dirceu viveu em Havana (Cuba). Em 1970, foi submetido a uma cirurgia plástica no rosto para mudar de aparência. Voltou ao país em 1975, com outro nome, para viver em Cruzeiro do Oeste, no Paraná, onde casou-se com Clara. Com ela, teve um filho. Em 1979, com a assinatura da Lei da Anistia, revelou ua identidade à família. Fez nova cirurgia plástica para retomar a aparência de antes do exílio
DEPUTADO FEDERAL Participou da fundação do PT. Em 1986, foi eleito deputado estadual de São Paulo. Foi secretário-geral do PT. Em 1991, assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados. Integrou a CPI que apurou denúncias de corrupção do governo Collor. Concorreu, em 1994, ao governo de São Paulo, ficando em terceiro lugar. Deixou a Câmara em 1995
PRESIDÊNCIA DO PT Representando a tendência Articulação, da qual Lula fazia parte, Dirceu foi eleito presidente do PT em 1995, cargo que ocupou até 2002. Substituto de Lula no comando do partido, Dirceu defendeu uma ampla aliança da esquerda para as eleições municipais de 1996
CENTRO-ESQUERDA No segundo semestre de 1996, tentou uma aproximação com setores da centro-esquerda, visando a eleição de 1998. Foi contra a emenda da reeleição
- Em 1997, recomendou à bancada do PT que votasse para a presidência da Câmara o candidato Prisco Viana, do PPB (atual PP), que foi derrotado por Michel Temer (PMDB)
REELEITO Nome dos moderados, Dirceu foi reeleito presidente do PT. No mesmo evento, foi aprovada uma política ampla de alianças, incluindo PSDB e PMDB, para as eleições de 1998. No primeiro semestre de 1998, a candidatura de Lula foi homologada. Em outubro, Dirceu foi eleito para mais um mandato na Câmara, tendo sido reeleito em 2002
ELEIÇÃO DE LULA Ainda presidente do PT, Dirceu foi escolhido por Lula para coordenar sua quarta campanha à Presidência. Recebeu críticas por causa da aliança com o PL. Em uma campanha com forte turbulência econômica, Lula é eleito e Dirceu é nomeado ministro-chefe da Casa Civil
SUPERMINISTRO Dirceu chegou ao Planalto com o objetivo de ser o homem forte de Lula no Executivo, no Legislativo e na máquina partidária petista. Foi um importante articulador político, um dos principais responsáveis pela aprovação da emenda principal da reforma da Previdência
CASO WALDOMIRO Em fevereiro de 2004, Waldomiro Diniz, subchefe para Assuntos Parlamentares da Casa Civil, aparece flagrado negociando propina com o empresário do jogo, Carlinhos Cachoeira. Dirceu é enfraquecido. Mais ainda depois da reforma ministerial que transferiu poderes de sua pasta à Coordenação Política, sob Aldo Rebelo (PC do B)
MENSALÃO O deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) envolveu o ministro José Dirceu no suposto esquema do ¿mensalão¿, em que o PT, por meio de seu tesoureiro, Delúbio Soares, distribuiria R$ 30 mil por mês a deputados do PP e do PL em troca de apoio ao governo no Legislativo. Segundo Jefferson, Dirceu foi informado por ele da suposta mesada seis vezes. Apesar de contrariado, segundo o petebista, o ministro nada fez para que acabasse