Título: Dirceu perdeu o 'timing'
Autor: Daniel Pereira e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 17/06/2005, País, p. A4

Anunciada no fim da tarde de ontem, a saída de do ministro José Dirceu da Casa Civil foi tardia. Essa é a avaliação da cientista política Lúcia Hippólito. Segundo ela, o ministro deveria ter pedido demissão há mais de um ano, quando estourou o escândalo Waldomiro Diniz.

- Dirceu perdeu o timing para sair do governo. Ele devia ter saído quando explodiu o caso Waldomiro Diniz. Porque agora, fica patente que ele foi demitido pelo Roberto Jefferson - avalia.

Lúcia acredita que mesmo sendo o momento errado, a situação do ministro estava insustentável. Por isso, a demissão era inadiável.

- Muitos dos problemas que o governo está enfrentando poderiam ter sido evitados se o governo não tivesse abafado a CPI do Waldomiro. Nela, muita coisa poderia ter aparecido e o governo poderia ter eliminado certas patologias - explica.

Comandante e arquiteto da vitória de Lula, José Dirceu foi, desde o início do governo, o grande articulador político de Lula. Aí reside, segundo Lúcia Hippólito, um um dos inúmeros equívocos do governo.

- Levar a articulação politica para a Casa Civil significa levar a crise à porta do presidente o tempo todo. Por isso, se colocar um homem forte como o Antonio Palocci ou o Márcio Thomaz Bastos, Lula vai trocar seis por meia-dúzia. Será montada uma nova usina de crise na porta do presidente.

O ideal seria tornar a Casa Civil um órgão administrativo e realocar a Articulação Política como um ministério autônomo, retirando-o do Palácio do Planalto.

- Você não pode ter pessoas fazendo pedidos todos os dias na ante-sala do presidente. Por isso é necessária uma verdadeira reforma ministerial. Não é dar só uma pintura na casa. Reforma é enxugar os ministérios e redistribuir as atribuições. Caso contrário será apenas uma troca de ministros.