Título: Reforma ministerial sai até terça-feira
Autor: Daniel Pereira e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 17/06/2005, País, p. A4
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai amadurecer a ampla reforma ministerial até terça-feira, quando retorna de viagem ao Paraguai. O modelo que está na mente de Lula, conforme antecipou o JB na última semana, prevê o afastamento de focos da crise política, o fortalecimento da base governista na Câmara, a ampliação do espaço do PMDB na Esplanada, o enxugamento da máquina administrativa e a redução do número de cargos de primeiro e segundo escalões nas mãos de PL, PP e PTB.
Há dias, o presidente discute como ancorar seu governo com mais força no PT e no PMDB. Esta idéia é defendida por José Dirceu desde a formação do Ministério em 2002. Mas foi desautorizada por Lula pouco antes da posse, o que gerou a primeira divergência séria com seu braço direito.
A saída do chefe da Casa Civil foi o primeiro passo no sentido de fortalecer o poderio ofensivo no Congresso, ao mesmo tempo em que remove do Planalto uma das maiores fontes de crise. No papel de articulador político assumiria o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, um dos principais confidentes de Lula desde a eclosão da crise.
O processo de mudanças da Esplanada deve incluir ainda as saídas do ministro da Previdência, Romero Jucá, e Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, investigados pelo Supremo por suspeitas de diferentes tipos de irregularidades.
- Há um processo de mudança. O presidente já tem mais ou menos na cabeça o que fará nos próximo dias - afirmou ontem o ministro da Educação, Tarso Genro.
No contexto do fortalecer aliados, os próximos a deixar o Planalto em direção à 'planície' devem ser os ministros Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), Ricardo Berzoini (Trabalho), e Aldo Rebelo (Coordenação Política) pasta que deverá ser extinta.
Lula está propenso a exonerar também o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, que poderá assumir a presidência do PTB. Também pretende aproveitar a profunda alteração para estabelecer um equilíbrio regional. Nesse sentido, é dada como certa a saída de pelo menos um gaúcho. Tarso Genro, da Educação, e Olívio Dutra, das Cidades. Poderão ser liberados para iniciar campanha visando às eleições. Ambos são pré-candidatos ao governo do RS.
Com isso, a tendência é que o PMDB amplie sua fatia no bolo do poder e se torne o aliado preferencial para 2006. O presidente ainda não bateu o martelo com os principais líderes do partido. Motivo: não sabe ao certo qual será o quinhão ofertado. Complica a decisão de Lula o fato de os peemedebistas estarem divididos Ontem, os líderes do PMDB no Senado, Ney Suassuna, e na Câmara, José Borba, disseram desconhecer negociações por mais cadeiras na Esplanada. Suassuna confirmou que o assunto será discutido no início da semana.