Título: Vice acha que ganha no primeiro turno
Autor: Rozane Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 17/06/2005, Internacional, p. A7
Mohammad Reza Khatami é o irmão mais novo da atual presidente do Irã. E candidato a vice na chapa de Mostafa Moin. E, ao contrário do que especialistas esperam para hoje, acha possível que seja eleito já no primeiro turno. Tudo depende, segundo ele, do número de eleitores que forem às urnas.
- Se conseguirmos de 60% a 65% de comparecimento, Moin pode vencer no primeiro turno.
Mas, apesar do otimismo, Khatami também é cauteloso e não despreza o ex-policial conservador Mohammad Baqer Qalibaf, que também considera um candidato forte. Qalibaf é o terceiro colocado nas pesquisas de intenção de votos e, segundo o escritor iraniano Kaveh Ehsani, pode vir a ser a opção daqueles que querem um presidente que garanta ''a lei e a ordem''.
Khatami explica que o maior desafio de sua campanha foi, mesmo, atrair os iranianos insatisfeitos por não terem visto o atual presidente cumprir as promessas de reformas que fez aos eleitores antes de ser eleito.
- Nós temos um sistema duplo de governo, e é impossível remover todos os obstáculos para reformar rapidamente - diz o candidato, referindo-se ao sistema político em seu país, onde o Guia Supremo tem mais poder que o presidente e o parlamento.
Mas fez questão de dizer que Moin vai se dedicar a fazer reformas no país, mas que não entrará em rota de colisão com as lideranças.
Khatami também comenta a polêmica em torno da pesquisa nuclear no Irã, país acusado de estar desenvolvendo armas nucleares. O assunto veio à tona mais uma vez depois que o país admitiu ter feito testes com plutônio até 1998, quando havia inicialmente informado à comunidade internacional que esses experimentos haviam sido suspensos em 1993.
- A energia nuclear está no topo dos desafios. Estamos prontos para conversar com o governo dos EUA sobre qualquer aspecto da nossa relação, de acordo com os nossos interesses nacionais.
Khatami disse, ainda, que o canal de diálogo só vai permanecer aberto se Washington reconhecer a República Islâmica. As relações bilaterais estão rompidas desde os primeiros dias da Revolução Islâmica, em 1979.