Título: Terror e trauma na escola
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/06/2005, Internacional, p. A9

SIEM REAP, Camboja - Um seqüestro de quase seis horas em uma escola internacional na cidade de Siem Reap, no Noroeste do Camboja, terminou ontem com a morte de um menino canadense de dois anos. Quase 40 crianças e professores foram mantidos reféns no colégio, próximo ao complexo de templos de Angkor Wat, a principal atração turística do país. As cenas de pais desesperados em busca dos filhos reviveu o drama de Beslan, na Ossétia do Norte (Rússia), quando ação terrorista se encerrou com a morte de 330 pessoas, a maioria alunos.

Mascarados, vestidos de preto e usando fuzis AK-47, os seis bandidos reivindicaram mais armas, um lança-granadas, um carro, US$ 1 mil, além de passe livre para a próxima fronteira com a Tailândia. Atiradores invadiram o lugar e, mais tarde, reféns libertados contaram que o menino canadense, identificado como Maxim Michalik, levou um tiro na cabeça porque estava chorando muito. A invasão foi ordenada depois que os sequestradores ''ameaçaram matar as outras crianças, uma a uma'', afirmou o ministro da Informação Khieu Kanharith.

Segundo as autoridades, agentes conseguiram convencer os criminosos a deixar o prédio depois de dar a eles uma minivan e US$ 30 mil. Quando os homens entraram no veículo com quatro crianças, as forças de segurança fecharam o portão da escola e atacaram, tirando-os do carro.

As crianças, algumas com apenas dois anos - as mais velhas tinham não mais que seis - correram para os braços dos pais que, em pânico, aguardavam na porta do prédio.

- Estou muito aliviada - disse Tan Seok Ho, de Cingapura, que seguiu para o local logo que soube do incidente. Seu filho caçula, Lyvong, de 3 anos, estava entre os reféns que foram libertados sem ferimentos. - Estou feliz de tê-lo de volta em meus braços.

Alguns pais, enquanto isso, conseguiram tirar três dos detidos das mãos da polícia e os agrediram.

- Não conseguíamos controlar a multidão - disse o comandante militar Prak Chanthoeun, que participou da operação.

Crianças de pelo menos 15 países, inclusive Austrália, Itália, Japão e EUA, estavam na escola no momento. Do lado de fora do prédio amarelo, centenas de pessoas se reuniram durante o tenso ataque da polícia.

A identidade dos sequestradores não foi divulgada, mas tinham idades entre 22 e 25 anos. Acreditava-se que eram seguranças da escola, mas professores não os reconheceram. Os homens inicialmente capturaram cerca de 70 pessoas, mas libertaram 30 durante a tarde. O francês Denis Richer, que leciona em outra escola, disse ter tentado confortar o pai de Maxim.

- Ele estava completamente perdido e me pediu para procurar sua mulher, o que fiz. Depois consegui uma ambulância que os levasse ao hospital.