Título: Bório cobra ações contra as aberrações no Plano Piloto
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 17/06/2005, Brasília, p. D5
O secretário de Cultura, Pedro Bório, cobrou ações efetivas para acabar com o que denominou de ''aberrações'' ao tombamento. Durante a reunião do Conselho de Gestão da Área de Preservação de Brasília (Conpresb), realizado na manhã de ontem. Bório enumerou problemas como as torres de celular e os painéis luminosos espalhados pela cidade e exigiu providências para coibir o uso das pontas de quadras como estacionamento, na Asa Norte. - A nossa credibilidade depende de ações rápidas - afirmou o secretário, acrescentando que quando a Justiça não age, o conselho fica desacreditado.
Com relação à orla do Lago Paranoá, Bório destacou que a presença de atividades não relacionadas à água é um desperdício. Segundo ele, sobra muito pouco da orla para o uso público e esse espaço deveria ser usado para construir marinas e outras atividades que necessitam de água.
- É inconcebível a instalação de atividades como campos de futebol na orla do Lago. Não é preciso de água para jogar futebol - destacou Pedro Bório.
A dificuldade de estacionamento e a aglomeração de bares e restaurantes em certas quadras do Plano Piloto também foram destacadas. O secretário sugeriu que houvesse algum tipo de limitação para o número de lojas de um mesmo ramo de atividades, como restaurantes ou farmácias, nas quadras comerciais da área tombada. Sugeriu ainda a possibilidade de limitar a permanência de carros de não-moradores nos estacionamentos das quadras residenciais.
Diante das propostas de Bório, a presidente do Conpresb, a secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Diana Motta, afirmou que é preciso buscar alternativas para evitar esses problemas, uma vez que existe uma demanda reprimida por lazer e serviços no Plano Piloto.
- A descentralização da ocupação do território é a solução para preservar Brasília - garantiu a secretária, acrescentando que a cidade deve continuar crescendo.
Atualmente 80% dos empregos do DF estão localizados no Plano Piloto. Além disso, a faixa etária predominante no DF está entre os 18 e os 30 anos de idade.
Propostas - Na reunião, a Seduh apresentou a resposta para as propostas sugeridas pelo pioneiro Ernesto Silva, membro do conselho, e apresentadas na reunião anterior. As propostas falam, entre outras coisas, da necessidade de normatização das coberturas e pilotis, das entrequadras 100 e 200, da possibilidade de veiculação de publicidade no Eixo Monumental, do projeto de revitalização da W3 e do cercamento das quadras 700.
Alguns dos estudos propostos já foram concluídos, outros estão em andamento. Seis projetos de lei estão aguardando aprovação pela Câmara Legislativa. O projeto de revitalização da W3, por exemplo, já teve os Termos de Referência concluídos para os projetos de 2 praças. A licitação dos projetos é a próxima fase.
Na reunião, o Conpresb também discutiu a modificação na estrutura e na forma de atuação do órgão. A presidente do conselho, Diana Motta, pediu aos conselheiros para apresentarem sugestões nos próximos dez dias. Elas serão analisadas na próxima reunião do órgão colegiado, marcada para o dia 14 de julho. Com isso, a Seduh pretende criar instrumentos para viabilizar as sugestões apresentadas. Entre as propostas está a criação da Delegacia do Patrimônio.
Estudos -O levantamento dos lotes de escolas-parque e clubes de vizinhança deverá ser concluído no próximo mês para a apresentação ao Conpresb. As propostas para o comércio local do Plano Piloto foram concluídas e serão enviados para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional antes de serem apresentados à comunidade. Um grupo de trabalho está analisando a orla do Lago Paranoá para fazer propostas. Questões como o cercamento de áreas públicas nas quadras 700, as projeções residenciais do Plano Piloto e a instalação de painéis luminosos no Setor de Diversões Sul (Conic) serão estudadas no Plano Diretor da Área de Preservação.