Título: DPJ aproveitará seca para podar árvores
Autor: Rosane Garcia
Fonte: Jornal do Brasil, 17/06/2005, Brasília, p. D5

Com quatro milhões de árvores no perímetro urbano, o Distrito Federal tem a maior área verde por habitante do País. São 100 metros quadrados de verde por pessoa. A cada ano, novas 250 mil mudas são plantadas na cidade. Outras centenas de espécies estranhas ao Cerrado começam a ser substituídas, com o objetivo de recompor a vegetação original do bioma. - De novembro até o mês passado, plantamos 118 mil mudas, das quais 70% nativas da região - afirmou o diretor do Departamento de Parque e Jardins, Ozanan Coelho, acrescentando que, durante a seca, serão realizadas podas ou ''cirurgia vegetal'' nas árvores que podem representar qualquer tipo de risco à segurança das pessoas ou uma ameaça aos imóveis públicos e privados.

A recente poda realizada na SQN 107 é um exemplo do que ocorrerá nas quadras, onde há árvores com 30 anos ou mais de idade e são espécies alienígenas ao cerrado. O corte realizado, que provocou revolta em alguns moradores, deveu-se à idade das espécies.

- Havia dez árvores onde cabia apenas uma. Além disso, guapuruvu, flamboyant e outras inadequadas à região estão sendo substituídas por espécies nativas. Fora isso, aquelas árvores atingiram uma altura incompatível com o tamanho de suas raízes, com risco de queda - explicou Ozanan.

Segundo ele, a poda na SQN 107 deveu-se ainda ao fato de as árvores estarem comprometendo a iluminação e também o asfalto. Ozanan disse que a intervenção ocorreu depois de uma vistoria da equipe de engenharia florestal que constatou o perigo que representaria a preservação das árvores no local.

A prefeita da SQN 107, Cristiani Horomitz, há pouco mais de dois meses no cargo, disse que a quadra, uma das mais antigas da Asa Norte, for arborizada por iniciativa dos moradores. Mas não houve qualquer planejamento para o plantio das árvores.

Algumas espécies, como espatódea e guapuruvu, plantadas no início de Brasília, atingiram uma altura que chegava ao quinto andar dos prédios. Em busca do sol, cresceram inclinadas e se revelaram uma ameaça não somente à integridade dos edifícios, mas, principalmente, à dos moradores.

- O espaçamento adequado entre as árvores não foi respeitado. Parece que estavam plantando roseiras - completa Ozanan Coelho, respaldando a reclamação da prefeita Cristiani.

De acordo com a prefeita, os problemas da SQN 107 vão além da falta de projeto urbanístico e paisagístico. Levantamento feito pelos síndicos dos blocos revelou que faltam segurança, iluminação adequada e calçadas. Não há também espaços de lazer, como quadra de esportes ou parques infantis, para jovens e crianças que ali residem. Para Cristiani, a inexistência dessas benfeitorias resulta na depreciação dos imóveis mais antigos.

Situada em frente a uma passagem subterrânea de pedestres e a uma parada de ônibus, a SQN 107 não dispõe de calçamento para quem se direciona para a W3 Norte.

- Enviamos correspondência a vários órgãos do governo do DF pedindo uma série de providências no sentido de melhorar as condições da nossa quadra - disse Cristiani Horomitz.