Título: Secretária nega acusações contra Marcos Valério
Autor: Durval Guimarães
Fonte: Jornal do Brasil, 16/06/2005, País, p. A4

BELO HORIZONTE - A secretária Fernanda Karina Ramos Somaggio informou, em depoimento prestado durante mais de três horas à Polícia Federal, no início da tarde, em Belo Horizonte, que são falsas as declarações atribuídas a ela e publicadas pela revista IstoÉ Dinheiro, referentes a um suposto esquema de pagamentos feitos pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, sócio da agência de publicidade SMP&B. A revista informou ontem que a entrevista de Fernanda Somaggio está gravada e que será colocada à disposição das autoridades, caso seja solicitado. Segundo o delegado Ricardo Amaro, ela negou que tenha ouvido conversas entre o publicitário e políticos sobre o pagamento de propinas.

O ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, que também foi prefeito de Belo Horizonte, confirmou que recebeu efetivamente os R$ 150 mil citados na reportagem, em duas parcelas, através de depósito bancário, ''mas apenas como pagamento a serviços jurídicos prestados à SMP&B''.

O ex-ministro dos Transportes, Anderson Adauto, que hoje é prefeito da cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, também confirmou que o seu irmão esteve na agência na SMP&B, em Belo Horizonte, mas não para receber dinheiro em seu nome.

- Ele foi apenas buscar o planejamento da minha campanha eleitoral para a prefeitura. Não acredito que ele tenha recebido dinheiro.

Fernanda trabalhou como secretária-executiva para o empresário entre abril de 2003 e janeiro de 2004 na agência SMP&B. Quando se referiu à reportagem da IstoÉ Dinheiro, declarou não saber que estava dando entrevista para um jornalista. Sua agenda foi entregue à Polícia Federal na noite de terça-feira, mas, segundo o delegado, não contém informações importantes.

Ontem, o presidente da DNA Propaganda, Francisco Castilho, e a sua vice-presidente, Margareth Queiroz, negaram a participação nas atividades da empresa de Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado pelo deputado Roberto Jefferson, de corromper parlamentares com uma mesada de R$ 30 mil. Confirmaram, porém, que o acusado é sócio da agência desde 1999, como principal acionista de uma holding denominada Grafitti Participações Ltda, que detém 50% do capital da DNA.

Durante os 45 minutos da entrevista coletiva, ambos reafirmaram, seguidamente, que o sócio era tão ausente dos negócios, que em março do ano passado acabou assinando procuração para ser representado em todos os atos da DNA Propaganda. Esses poderes eram tão amplos que lhes autorizava assinar cheques, solicitar financiamentos, cauções em duplicatas e todos os demais atos necessários à condução de uma empresa que apresentou a receita de R$ 30 milhões no ano passado.

A despeito da absoluta confiança retratada no documento que receberam, Castilho e Queiroz mostraram pouco conhecimento do sócio que, segundo eles quase nunca ia à empresa.

Castilho também informou que não conhece e sequer viu pessoalmente as autoridades do PT citadas por Roberto Jefferson, entre elas, o ministro José Dirceu, o secretário do PT, Silvio Pereira, e o tesoureiro Delúbio Soares.