Título: Pólo gás-químico: o sonho começou
Autor: Wagner Granja Victer
Fonte: Jornal do Brasil, 16/06/2005, Outras Opiniões, p. A11

Finalmente um antigo sonho fluminense se tornará realidade. O Pólo Gás-Químico de Duque de Caxias será inaugurado no próximo dia 23 de junho. O empreendimento terá produção de 540 mil toneladas anuais de polietilenos, matéria-prima fundamental para a produção de produtos plásticos, como sacolas de supermercados, adesivos, embalagens e filmes, entre outros. Os investimentos, realizados pelo consórcio Rio Polímeros (Unipar - 33,3%, Suzano - 33,3%, Petroquisa - 16,7% e BNDESPAR - 16,7%), foram da ordem de U$ 1,08 bilhão. Deste montante, grande parte foi obtida com instituições financeiras internacionais, como o Exim Bank americano e com um consórcio financeiro cujo controlador é a italiana SACE. O projeto do Pólo é um dos mais modernos do mundo e também é inovador no Brasil já que utiliza frações de etano e propano, provenientes do Gás Natural da Bacia de Campos, como matéria prima para a produção de polietileno no Pólo Gás-Químico, enquanto os já existentes na Bahia, Rio Grande do Sul e São Paulo utilizam a nafta, que é um produto importado, derivado do petróleo, como base. Ao produzir matéria-prima mais barata o estado do Rio acabará captando investimentos previstos para outros estados e países. É importante registrar que o Pólogásquímico já nasce com possibilidade de crescimento, pois em breve poderá realizar uma ampliação de sua produção. Através do investimento de US$ 100 milhões a capacidade do Pólo Gás-Químico poderá passar de 540 mil toneladas anuais de polietilenos para 700 mil toneladas por ano.

O empreendimento, que estava no papel há 20 anos, e que conseguimos resgatar, é um projeto estruturante para o estado, sendo o maior investimento privado realizado no estado nos últimos 30 anos. A partir de sua implantação diversas indústrias transformadoras de plástico virão se fixar em diversos municípios do Rio de Janeiro, principalmente na Baixada Fluminense. Com incentivos fiscais oferecidos pela governadora Rosinha, oito empresas transformadoras de plástico já estão se instalando na região da Baixada Fluminense e outras 40 inscritas no programa estadual de incentivos fiscais para o setor. Com isso, em longo prazo poderemos estar gerando cerca de 30 mil novos empregos diretos e indiretos na região do entorno do Pólo.

O Pólo Gás-Químico pode ser considerado como um marco para o desenvolvimento do estado, pois o Rio Janeiro é o principal produtor de petróleo e gás do Brasil, com mais de 83% da produção nacional, e ainda não tinha um projeto na área de petroquímica deste porte.

Visando melhorar a logística de acesso e de escoamento da produção do Pólo Gás-Químico, a governadora Rosinha Garotinho assinará nas próximas semanas um convênio com a Prefeitura de Duque de Caxias e as empresas instaladas em Campos Elíseos, em Caxias, com o objetivo de construir um novo sistema logístico de escoamento de toda a região até a Rodovia Washington Luiz (Rio-Petrópolis). O projeto prevê a construção de uma nova infra-estrutura rodoviária de 15 quilômetros de extensão. A obra terá investimentos de cerca de R$ 80 milhões, que serão divididos entre o governo estadual, com R$ 20 milhões; a Prefeitura de Duque de Caxias, que empenhará outros R$ 20 milhões, ficando os R$ 40 milhões restantes com a iniciativa privada.

Os contratos referentes à construção do Pólo Gás-Químico foram assinados no dia 25 de janeiro do ano 2000 pelo ex-governador Anthony Garotinho e pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e sua implantação foi iniciada no dia 29 de agosto do mesmo ano. É bom lembrar a persevença de dois grandes empresários que participaram deste projeto e que não estão mais entre nós para ver o fruto do seu trabalho e de seus sonhos e que merecem homenagem especial: Dr. Max Feffer, do Grupo Suzano, e Paulo Geyer, do Grupo Unipar, que marcaram definitivamente seu nome na história do desenvolvimento do Rio de Janeiro.

O governador Anthony Garotinho teve um papel central na implantação do Pólo. Foi ele o responsável por reunir todas as partes interessadas, em um workshop realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), no dia 4 de outubro de 1999, para cobrar providências de todos os agentes econômicos e políticos e garantir o apoio do governo estadual ao projeto. Então, antes do fim de outubro do mesmo ano, o governo fluminense promoveu um programa de incentivos fiscais para os equipamentos que seriam utilizados na construção e montagem do Pólo e possibilitou o diferimento no pagamento do gás, fatores decisivos para a viabilização econômica do empreendimento.

Como tive o orgulho e prazer, como secretário da pasta, de participar diretamente desse processo e do seu início, agradeço à população de nosso Estado pelo apoio que tivemos, aos investidores que acreditaram em nosso Estado e aos pessimistas que nos deram força para superar todas as dificuldades para ter o prazer de deixá-los boquiabertos com a magnitude deste empreendimento.