Título: Policial incrimina 'Ratinho'
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 16/06/2005, Rio, p. A14

Uma testemunha de acusação disse ontem, durante o julgamento de Cláudio Orlando do Nascimento, 36, o Ratinho, que ele confessou ter acendido um cigarro nas cinzas do jornalista Tim Lopes, assassinado em 2002. A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ). No fim da noite, o júri condenou o réu a 23 anos e seis meses de prisão. A testemunha, um policial civil lotado na 22ª DP (Penha), cujo nome não foi revelado, afirmou que ouviu a declaração quando acompanhava a escolta do suspeito do presídio Bangu 1 para o 1º Tribunal do Júri do Rio, onde está ocorrendo o julgamento.

Durante a sessão, o Ministério Público (MP) desistiu de ouvir as outras quatro testemunhas de acusação. O advogado de defesa de Ratinho também desistiu de ouvir as cinco testemunhas apresentadas inicialmente no processo.

No primeiro dia de julgamento, que começou segunda-feira, Ratinho disse que é inocente e que trabalha como feirante, vendendo alho e pipas desde os dez anos. Ele é acusado pelo MP dos crimes de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e formação de quadrilha.

Outros cinco acusados de cumplicidade na morte do jornalista deveriam ter começado a ser julgados na segunda-feira. Mas o júri foi desmembrado por causa da greve dos defensores públicos e, de acordo com o TJ, a nova data ainda não foi marcada.

Na semana passada, a defesa de Ratinho entrou com um pedido de habeas-corpus requerendo a suspensão do júri, mas o pedido foi indeferido pela desembargadora Maria Raimunda Azevedo, da 8ª Câmara Criminal. Em outras ocasiões, Ratinho foi condenado a oito anos e um mês de reclusão, além de outros dez meses por resistência e lesão corporal.

No final de maio, o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão em regime de reclusão pelo crime. Na ocasião, o júri considerou Elias Maluco culpado de homicídio triplamente qualificado, formação de quadrilha e ocultação de cadáver.

Tim Lopes desapareceu e foi morto em 2 de junho de 2002, na Vila Cruzeiro, favela que faz parte do Complexo do Alemão, depois de ser reconhecido e capturado por traficantes ligados a Elias Maluco. Tim fazia uma reportagem sobre um baile funk onde haveria consumo de drogas e sexo explícito e que seria exibida na TV Globo.

O secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, assumiu ontem a direção da Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino, conhecida como Bangu I. Na unidade, ele recebeu a ordem de prisão que deveria ser entregue ao diretor afastado, Danilo do Nascimento. A ordem foi dada depois da insistência da Secretaria de Administração Penitenciária em manter sob sanção disciplinar o detento Elias Maluco, por 30 dias, conforme sugeriu a Comissão Técnica de Classificação (CTC).