Título: Cúpula do PP quer expulsar Benedito
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 16/06/2005, Brasília, p. D3

Os dias do ex-vice-governador Benedito Domingos no Partido Progressista estão contados. Depois de colocar a boca no trombone e acusar os colegas da bancada no Congresso Nacional de ter recebido ''ajuda financeira'' da direção nacional, uma referência ao mensalão, ele acirrou os ânimos na executiva. A possível expulsão de Benedito do PP, que vinha sendo discutida há mais de uma semana por conta de sua recusa em entregar a presidência regional ao senador Valmir Amaral, ganhou mais fôlego. Nos próximos dias, os integrantes da direção analisarão o estatuto do partido e discutirão a melhor maneira de conduzir o processo. Benedito promete ''lutar'' para permanecer na sigla, inclusive com apelo à Justiça.

Em declarações à imprensa, Benedito disse ainda que recebeu uma proposta financeira do deputado Pedro Henry (MT), em nome do presidente Pedro Corrêa (PE) e do líder José Janene (PR), para abdicar do comando do PP-DF. No entanto, segundo o ex-tesoureiro e atual secretário-geral da executiva nacional, Henry não falou em valores.

- Não sei de mensalão, nem do envolvimento do PT. Sei que quando qualquer parlamentar tinha alguma dificuldade, recebia socorro financeiro do partido, e o Janene era o responsável - contou Benedito.

As afirmações do ex-vice de Joaquim Roriz inflamaram ainda mais suas relações com os correligionários federais e geraram uma série de acusações contra o próprio Benedito. Todos negaram as afirmações. Janene afirma que as declarações do colega são um revide. Em 2003, o evangélico recebeu um convite do governo federal para ser chefe da Diretoria de Recursos Humanos dos Correios. A indicação teria sido um acordo pelo apoio de Benedito à candidatura do petista Geraldo Magela ao GDF em 2002. O veto de Janene à ida do colega aos Correios, segundo o paranaense, teria sido o início da divergência entre os dois.

O estopim, para Janene, foi a demissão, no último dia 2, de Fabiane Domingos, nora, e de Alisson Domingos, neto de Benedito, da liderança do PP na Câmara.

- Fiz um pente fino aqui, e fui alertado no mês passado de que os dois não estavam trabalhando - contou Janene, garantindo que não foi represália ao fato de Bendito ter protocolado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a ata de uma eleição do diretório regional feita à revelia do comando nacional.

Acusado de ter oferecido dinheiro em troca da conformidade com a 1ª vice-presidência, Pedro Henry disse ontem estar ''surpreso'' com as declarações.

- Ele foi me procurar, e não eu quem foi atrás dele. Pediu que o ajudasse na presidência regional e eu concordei. Nunca falamos em dinheiro - conta o parlamentar. Na semana passada, Benedito chegou a assinar um acordo no qual devolveria a presidência do PP-DF e teria direito a nomear sete integrantes na nova comissão provisória. Outros sete membros seriam nomeados por Valmir Amaral. Também fariam parte da composição Jofran Frejat, Wigberto Tartuce e a secretária da liderança do partido. Mas Bené não dissolveu a executiva, respaldada por uma decisão favorável no TRE.

O presidente nacional conta que a intervenção local foi decretada, trazendo de volta Valmir Amaral ao posto de dirigente. Mas o clima no PP-DF continua quente. Por meio de sua assessoria, Amaral acusa Benedito de pedir ''vantagens'' em ocasiões anteriores para lhe entregar a sigla. O líder evangélico nega os pedidos.

- Benedito teve seus interesses contrariados no DF. Mas ele deveria fazer uma reflexão, pois é a única pessoa sem mandato que tem o segundo maior cargo na executiva nacional - disse Pedro Corrêa.

-A caminho de uma nova filiação ao PP, o deputado distrital João de Deus (sem aprtido) está sendo ameaçado de expulsão da CPI da Educação na Câmara Legislativa. O presidente da comissão, deputado Augusto Carvalho (PPS), protocolou ontem um requerimento que será avaliado pelos integrantes da CPI. O fato motivador foi a troca de farpas, que beiraram a agressão física, entre João de Deus e o relator da comissão, distrital Paulo Tadeu (PT).