Título: Empresa critica ação da PF
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 16/06/2005, Economia & Negócios, p. A17

O presidente da Cervejaria Petrópolis, Walter Faria, foi preso ontem pela Polícia Federal, em Boituva (117 km a oeste de São Paulo), onde fica uma das fábricas da empresa - a outra fica em Petrópolis (RJ). De acordo com a PF, recaem sobre ele as mesmas acusações dos outros detidos pela Operação Cevada - sonegação fiscal e formação de quadrilha. A PF não soube informar se havia entre os presos mais pessoas ligadas à cervejaria.

Walter Faria era proprietário de uma rede de distribuidores de produtos da Schincariol até que, em 1998, comprou a Cervejaria Petrópolis (dona da marca Itaipava). No ano seguinte, adquiriu a Crystal, uma cervejaria artesanal localizada em Boituva.

Faria atribuía aos impostos o maior empecilho para a concorrência no setor. O presidente da Petrópolis chegou a se reunir com a Receita para sugerir mudanças na cobrança do IPI, que, segundo ele, beneficiava a AmBev.

Procurada, a direção de marketing da Petrópolis alegou não ter sido informada da prisão do presidente do grupo. Nenhum dos diretores da empresa foi encontrado para comentar a prisão. A empresa negocia com governos de diversos Estados, como Minas Gerais e Goiás, a concessão de incentivos fiscais para a construção de sua terceira fábrica.

Em nota, o grupo Schincariol disse que a ação da PF foi injustificada, ''pautada por um comportamento violento e sensacionalista contra cidadãos de bem, que não ofereceram nenhuma resistência [aos policiais]''.

Segundo o comunicado, os dirigentes da cervejaria, ''com residência fixa e conhecida'', colaboraram com os policiais - ao contrário do que a PF informou. Policiais ameaçaram usar explosivos para entrar na casa de Gilberto Schincariol, segundo eles, um bunker.

A companhia foi mais longe: em seu comunicado oficial, fez uma correlação entre o seu recente crescimento orgânico e as acusações de sonegação de impostos - que pipocaram recentemente e foram objeto da ação da PF.

''A história se repete. Em 1993, quando alcançamos 4% do mercado de cerveja, fomos alvo de acusações de que o nosso crescimento era fruto da sonegação. Passados 12 anos, quando o grupo Schincariol alcança 13% do mercado, após uma bem-sucedida estratégia de marketing, novamente as falsas denúncias vêm à tona'', diz a nota.