Título: Governo em alerta para novo apagão
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 16/06/2005, Economia & Negócios, p. A20

A queda de duas das três linhas de transmissão de Furnas Centrais Elétricas de 567 Kv, que ligam a hidrelétrica Itaipu Binacional ao sistema interligado nacional, nos municípios de Ivaiporã (PR) e São Pedro de Iguaçu (PR), obrigou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a não só reduzir a carga gerada pela usina, como também acionar termelétricas e aumentar a operação da usina nuclear Angra 1. Para especialistas do setor, no entanto, as medidas não eliminam os riscos de apagão, nos próximos dias, no susbsistema Sul-Sudeste. O incidente ocorreu no início da noite de terça-feira, quando ventos de até 180 quilômetros horários derrubaram as nove torres de transmissão da usina. O episódio obrigou Furnas Centrais Elétricas a deslocar, ontem, parte de sua diretoria e corpo técnico para o local do acidente. Até o presidente da geradora, José Pedro Rodrigues de Oliveira, foi pessoalmente ao local. A empresa informou, no entanto, que ainda não tem estimativas dos prejuízos.

Como primeira medida, Itaipu reduziu em 2 mil megawatts (MW) sua carga gerada, agora limitada a 8 mil MWs. Ao todo, quatro das 12 turbinas da maior hidrelétrica do mundo tiveram que ser desligadas. A transmissão só é possível, neste momento, por meio da terceira linha, utilizada justamente para back up. A expectativa do governo é de que os dois circuitos afetados pela ventania voltem a operar nos dias 26 de junho e 6 de julho. O conjunto de medidas adotado pelo ONS incorporou o equivalente a 1,3 mil MW ao sistema interligado nacional.

O secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer, afirmou que o incidente enfraqueceu o abastecimento no subsistema Sul-Sudeste. Ele elogiou, porém, as medidas adotadas pelo ONS, que acionou as termelétricas Macaé Merchant, TermoRio, El Paso e Santa Cruz. Victer fez questão de lembrar da importância dessas usinas para a segurança do sistema interligado nacional.

- Esse episódio só demonstra a importância das usinas termelétricas para a segurança do sistema. Seu acionamento é instantâneo. Todas essas medidas garantirão maior segurança, apesar das atuais condições precárias de operação - defendeu o secretário.