Título: MST fará passeatas de apoio a Lula
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Fonte: Jornal do Brasil, 20/06/2005, País, p. A6

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) saiu em defesa do governo Lula e programou, em conjunto com outros movimentos sociais, duas passeatas contra a suposta utilização das denúncias de corrupção para desestabilizar o Planalto. A primeira deverá ocorrer amanhã na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e a segunda, em Goiânia, no dia 1º de julho, durante um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).

O MST divulgou nota no sábado, através de sua Secretaria Nacional, na qual se diz contrário à corrupção, mas condena também o que classifica de ''golpismo'' da direita e das elites, que estariam usando as denúncias para enfraquecer o governo.

''O circo foi armado. A elite utilizou as declarações de Roberto Jefferson, da base governista, para criar uma cortina de fumaça e enfraquecê-lo, levantando até a possibilidade de impedimento'', afirma o MST, que deverá cobrar também mudanças na gestão da economia e providências para a reforma política.

O movimento defende a apuração das denúncias ''até as últimas consequências'' e denuncia uma suposta barganha de setores conservadores para a manutenção ou adoção de medidas direitistas. Um exemplo dessa tentativa, segundo o MST, seria a proposta de privatização dos Correios.

''Ou eles investem de vez no enfraquecimento do governo e partem para a consolidação de uma candidatura, ou fazem um novo pacto, com o estabelecimento de políticas mais à direita e sem alteração da economia'', diz a nota dos sem terra, que promoverão as marchas junto com movimentos como a Central Única dos Trabalhadores e a UNE .

O MST justifica a manifestação de apoio ao presidente Lula afirmando que há, atualmente, uma disputa de diversos setores pelo poder de influência sobre a governo.

- Neste momento, a união e a mobilização são fundamentais, pois estamos numa verdadeira guerra - explica João Pedro Stédile, dirigente do movimento.

Os sem terra pedem ainda que as investigações se estendam aos governos anteriores, principalmente ao de Fernando Henrique Cardoso.

- O governo pode continuar implementando a política que vem aplicando ou pode vir para o lado do povo. Vamos para as ruas apoiar as mudanças na política econômica e a prioridade no cumprimento dos direitos sociais. Vamos exigir do governo demonstrações de que está ao lado do povo - disse o líder do MST.

Outro a se pronunciar foi o Secretário Nacional de Comunicação da CUT, Antonio Carlos Spis, que acusa a mídia de manipular as denúncias de Jefferson, transformando ''uma mentira em verdade''.