Título: Havaianas planeja novos passos
Autor: Bruno Rosa
Fonte: Jornal do Brasil, 20/06/2005, Economia & Negócios, p. A19

Enquanto os convidados se divertiam no espaço das Havaianas durante a semana de moda do Rio de Janeiro, os diretores da principal marca da São Paulo Alpargatas comemoravam o sucesso das vendas da sandália mais famosa do país, que completou 43 anos no último dia 14 de junho. Para comprovar que muito aconteceu nessas quatro décadas basta olhar os números da marca que, sozinha, representa 43% do faturamento da empresa, gigante que faturou R$ 1,1 bilhão no ano passado e controla ainda selos como Topper, Mizuno, Conga, Timberland e Rainha.

Em meio ao lançamento dos modelos de verão das Havaianas, Paulo Lalli, diretor de negócios da divisão de sandálias da São Paulo Alpargatas, e Rui Porto, diretor de comunicação e mídia da Havaianas, explicavam como surgiu um dos novos modelos, as Havaianas Flash Hop:

- A idéia partiu dos próprios consumidores. Percebemos que eles pegavam uma das alças e colocavam para trás. Daí fizemos alguns estudos anatômicos e lançamos o modelo, que ganhou versão com cristal Swarovski, para as mulheres. Para os homens, os modelos tradicionais vêm com pins (espécie de broche) - disse Lalli ao JB.

O modelo é apenas um dos 10 lançamentos da marca para o próximo verão, que inclui ainda duas versões de Havaianas Baby, primeira investida nesta categoria. Com numeração a partir do 17, as versões incluem etiquetas em relevo aplicadas no centro das tiras com a face de animais e desenhos no solado com o tema ''brincadeiras de crianças''.

Assim, a marca Havaianas passa a contar com 39 versões diferentes, passo inicial para a criação de um canal próprio de lojas, o chamado Espaço Havaianas. Mas tudo é feito com calma por quem vendeu 130 milhões de pares no ano passado e espera vender outros 148 milhões este ano.

- Criamos vários modelos diferentes para ampliar a situação de uso das sandálias. Queremos ter produtos que atendam às características de cada tipo de consumidor. A segmentação foi o primeiro estágio pa ra iniciar o projeto de um espaço exclusivo de vendas. Ainda estamos estudando como seria o espaço que melhor possa refletir o espírito da marca e passar toda a brasilidade do produto. Hoje, algumas lojas no Brasil só vendem nossos produtos e as vendas são muito boas - ressaltou Lalli.

Para isso, a marca conta com as ações de marketing, cuja verba é de R$ 52 milhões por ano - 11% do faturamento da marca, que no ano passado alcançou R$ 473 milhões. Com filmes do ator Dado Dolabella no ar, o próximo galã a ser garoto-propaganda é o ator Thiago Lacerda, que apresentará os filmes das Havaianas Trekking, com tiras na parte traseira. O comercial, gravado na semana passada, e ainda inédito, foi produzido pela agência de publicidade AlmappBBDO.

- Sempre usamos celebridades em situações normais. No filme, ele é um cara comum e não o galã da novela. No próximo semestre, será a vez das atrizes - completou Lalli.

Rui Porto lembra ainda a união da marca com a moda.

- Já é o quarto ano que estamos no Fashion Rio, evento em que fazemos parte dos nossos lançamentos.

Lá fora, no entanto, a estratégia é vender a marca e não o produto, fato que explica o alto preço das sandálias, vendidas em alguns lugares a ''módicos'' 100 euros. Por isso, enquanto todo o setor calçadista amargou prejuízos com a variação cambial, as exportações da empresa, voltadas para um público de alta renda, andam de vento em popa. Este ano, a expectativa é de alta de 40% nos embarques em relação ao ano passado - quando as exportações representaram 10% da produção.

- Estamos hoje em 75 países. O próximo passo é a China, mas já estamos em Hong Kong. Os problemas entre Argentina e Brasil não devem causar muitos problemas porque não é o país mais importante para nós - completa Lalli, lembrando que a Austrália e os Estados Unidos são os maiores compradores das sandálias.