Título: Varig ganha tempo para acordo com governo
Autor: Virgínia Silveira
Fonte: Jornal do Brasil, 20/06/2005, Economia & Negócios, p. A19
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - Com o pedido de recuperação judicial, a Varig ganha tempo para fazer o acerto de contas com o governo e tornar-se mais atrativa para novos investidores. Especialistas do setor afirmam que até mesmo a TAP quer ter garantias de que haverá blindagem contra a sucessão dos passivos da empresa, avaliados em R$ 9 bilhões.
- O maior credor da Varig é o governo, que queria o acerto de contas, mas a burocracia e os prazos de negociação previstos em lei eram longos demais e inviáveis - disse um conselheiro da empresa, que pediu para não ser identificado.
Esta é a primeira vez que a lei de recuperação judicial é aplicada no Brasil por uma companhia de grande porte. O governo federal, de acordo com o conselheiro, aprovou a medida.
O conselheiro não acredita que o pedido de recuperação judicial prejudique as negociações da Varig com as empresas de leasing, já que a medida tem respaldo internacional.
- O projeto de recuperação da Varig segue adiante e dentro de uma situação onde não há nenhuma conta de curto prazo explodindo. Isso é bom também para os novos investidores.
Para o consultor André Castelini, da Bain Company, a recuperação judicial foi a única maneira de evitar a parada das operações e a perda de aviões.
- Agora a companhia tem um contexto jurídico mais tranqüilo para dar andamento a uma estratégia operacional em paralelo ao processo de reestruturação do passivo. O problema, nesse caso, é que o mercado de leasing fica mais retraído para novos arrendamentos à Varig.
A opinião do ex-presidente da Varig, Ozires Silva, é diferente. Segundo ele, no mercado internacional não há frouxidão para a falta de pagamento.
- No mercado internacional, a única moeda de troca é o dinheiro. A alternativa então era o pagamento - comentou.
Além da indenização de R$ 2,5 bilhões que a Varig busca para compensar perdas com congelamentos de tarifas entre 1987 e 1992, também está em andamento ação de recuperação de tarifas aeronáuticas e aeroportuárias. A Varig reivindica um valor de R$ 1 bilhão a R$ 2 bilhões, segundo a advogada do caso, Paula Miranda.