Título: Popularidade de Lula cai após denúncias de corrupção
Autor: Milena Abrahão Khoury
Fonte: Jornal do Brasil, 18/06/2005, País, p. A4

BRASÍLIA - A décima pesquisa CNI/Ibope, divulgada ontem, revela uma diminuição de quatro pontos percentuais na avaliação do governo Lula. É a segunda queda consecutiva registrada pela pesquisa. Em março, 39% dos entrevistados avaliavam o governo Lula como ótimo. Agora, 35% têm esta opinião. A confiança no presidente também caiu de 60%, em março, para 56%, nesta rodada da pesquisa.

O levantamento foi feito entre 9 e 13 de junho, antes de o deputado Roberto Jefferson depor ao Conselho de Ética da Câmara. Para Amauri Teixeira, consultor da MCI Estratégia, empresa que faz a análise dos dados do estudo CNI/Ibope, os fatores que explicam a queda são as denúncias de corrupção envolvendo instituições da administração federal e integrantes do governo, além da crescente insatisfação com as políticas públicas. Nesse quesito, estão incluídos os juros altos e a elevada carga de impostos.

O índice de aprovação do governo Lula registrado na pesquisa atual é muito próximo ao apontado em março do ano passado - 35%. Naquela época, além de um momento econômico desfavorável, o governo sofria o desgaste das denúncias envolvendo o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz.

A pesquisa mostra que a avaliação de Lula só melhorou na região Nordeste e entre os que ganham até um salário mínimo por mês. As maiores quedas foram registradas nas regiões Norte e Centro-Oeste, nas capitais, entre as pessoas com nível superior e que recebem mais de 10 salários mínimos por mês.

Embora a confiança no presidente continue elevada, com a queda de quatro pontos registrada de março para cá, o percentual de 56% representa o segundo menor patamar desde o início do governo.

A expectativa em relação ao governo Lula também foi medida na pesquisa. Após um período de estabilidade, o contingente de pessoas que consideram o governo pior do que esperavam chegou a 34%. O número superou os 31% que avaliam que o desempenho está acima do esperado.

As áreas de maior aprovação do governo são combate à fome e à pobreza, ações na área da saúde e na área de educação. Já os piores resultados do governo Lula, na avaliação dos entrevistados, são: ações para reduzir o desemprego, segurança e combate à violência. Com relação à política de juros adotada pelo governo, foi registrado o maior patamar de desaprovação desde o início do mandato do presidente Lula - 67%.

Nas simulações de eleições presidenciais, Lula enfrentaria um segundo turno em pelo menos uma situação. Contra o prefeito de São Paulo, José Serra, a vitória no primeiro turno estaria descartada. Caso o candidato tucano fosse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, haveria uma grande possibilidade de segundo turno - sua ocorrência ou não ficaria dentro da margem de erro.

Na lista em que o candidato tucano seria José Serra, Lula teria 38% das intenções de votos, enquanto Serra ficaria em segundo, com 29%, seguido do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PMDB), que teria 9%. O prefeito do Rio de Janeiro (PFL), César Maia (PFL), tem 4% das intenções de voto e a senadora pelo P-Sol, Heloísa Helena, 3%. Na pesquisa anterior, em março passado, Lula teria 39%, Serra 27%, Garotinho 7%, César 5% e Heloísa Helena 3%.

Os coordenadores chamaram a atenção para o desempenho da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL). Apesar de não ultrapassar os 4% nas simulações, seu percentual varia de 8% a 10% nas camadas do eleitorado com maiores níveis de instrução e renda.

Na pesquisa de março, ela recebia 6% entre os eleitores com nível superior, jovens de 16 a 24 anos e eleitores das capitais.

- É uma clara expansão no espaço da candidatura da senadora - diz Amauri Teixeira, da MCI, empresa que fez análise dos dados.