Título: Bush defende Guantánamo
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Fonte: Jornal do Brasil, 21/06/2005, Internacional, p. A8

WASHINGTON - O presidente dos EUA, George Bush, defendeu ontem a forma como vêm tratando os presos da base americana de Guantánamo, em Cuba. Em relatório recente, a Anistia International qualificou a prisão de ''gulag'', numa alusão aos campos de detenção da antiga União Soviética. Bush considerou a acusação ''absurda''.

O presidente afirma que Guantánamo foi inspecionada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha e que os prisioneiros eram tratados conforme a Convenção de Genebra.

- Cerca de 200 foram devolvidos a seus países de origem. Quanto aos outros 500, estamos esperando que um tribunal federal decida se podem ou não ser julgados em uma corte militar ou em cortes civis - disse Bush. - Mas não se enganem, pois muitos desses sujeitos que estão detidos, em condições humanas, são perigosos. Se vocês têm questões sobre Guantánamo, sugiro uma visita à prisão - respondeu Bush.

A pressão pelo fim do campo de concentração americano ganhou ontem a adesão do ex-presidente Bill Clinton. Em entrevista ao jornal Financial Times , Clinton afirmou que as tropas americanas e britânicas correriam um risco muito maior em suas missões se tivessem acrescentada à sua história a reputação de maltratar as pessoas que prendem.

- A prisão precisa ser fechada ou colocada em ordem - afirmou Clinton quando indagado se o local deveria ser fechado. - Se tivermos uma reputação cometer abuso, isso colocará nossos soldados em risco muito maior - acrescentou.

O também ex-presidente Jimmy Carter já havia feito uma declaração semelhante. Em resposta, Bush disse que poderia ''estudar alternativas, mas acabou recuando. O secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, vem repetindo diariamente que Washington não fechará nem essa nem qualquer outra das unidades onde estão presos ligados ao terrorismo.

Vários deputados americanos também pediram o fechamento da base, onde estão suspeitos de quarenta nacionalidades, capturados durante a guerra ao terrorismo. Dos mais de 500 internos, uma dúzia, acusada de crimes de guerra, já prestou depoimento nas Cortes militares. Só quatro foram considerados culpados.

- Temos alguns sob custódia e Khalid Sheikh Mohammed é um caso exemplar. O arquiteto dos ataques de 11 de setembro que mataram mais de 3 mil de nossos cidadãos é mantido preso porque achamos que ainda pode fornecer informações capazes de permitir que protejamos não apenas a nós, mas também às pessoas na Europa. E, em algum momento, vamos cuidar do caso dele (juridicamente). Mas, agora, acho melhor que o mantenhamos sob custódia. Queremos aprender o máximo que pudermos, nesse novo tipo de guerra, sobre os métodos, sobre os planos dessa gente, sobre como essa gente pensa - completou Bush.

Rumsfeld está examinando uma série de mudanças no Estado-maior do Exército, entre elas a promoção do general Ricardo Sanchez, que comandava as tropas americanas no Iraque durante o escândalo das torturas a presos iraquianos na cadeia de Abu Ghraib, Bagdá. A informação é do jornal The New York Times . Segundo o jornal as mudanças serão submetidas à aprovação do Senado, e foram exigidas pela alta cúpula civil e militar, após uma investigação que eximiu Sanchez.

O general, de origem hispânica, perdeu a promoção no ano passado por causa das denúncias e da investigação. Sanchez deixou em julho de 2004 suas funções à frente das forças americanas no Iraque depois de ter sido responsabilizado, pelo escândalo pela comandante da prisão, a general Karpinsky.