Título: Juiz nomeia administrador e perito
Autor: Ariverson Feltrin, Virgínia S. e Cristiane Crelier
Fonte: Jornal do Brasil, 21/06/2005, Economia & Negócios, p. A19

O juiz Alexander dos Santos Macedo, relator do processo de recuperação judicial da Varig, que corre na 8ª Vara Empresarial do Rio, nomeou ontem o perito e administrador judicial que analisarão o caso da companhia. O magistrado determinou ainda o prazo de 24 horas para que a empresa Exato Assessoria Contábil apresente um relatório contábil da Varig, Rio Sul e Nordeste Linhas Aéreas, empresas abrangidas pelo pedido.

De acordo com o juiz, os requisitos contábeis são exigidos pelo artigo 51 da nova Lei de Falências, para que seja apreciado o deferimento ou não da ação de recuperação judicial. Segundo informações do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), para acompanhar os trabalhos da perícia, o juiz nomeou a empresa Cysneiros Vianna Advogados Associados, que desde já, será a administradora judicial das companhias aéreas, caso seja aceito o plano.

Representantes dos trabalhadores da Varig se reuniram com executivos do Conselho de Administração para discutir a situação da empresa. Sindicatos e associações se preparam para formar um comitê de credores. As negociações com a TAP também estiveram em pauta.

- Estamos nos preparando para dar início aos trabalhos de constituição dos créditos, já que os trabalhadores têm R$ 2,2 bilhões a receber da Varig - afirmou Rodrigo Marocco, presidente da Associação dos Pilotos da Varig (Apvar).

Marocco acredita que, nessa negociação, haverá perdas.

- Todos os credores têm interesse na recuperação da empresa. É possível que tenhamos que fazer concessões, ceder um pouco na dívida, em prol dessa recuperação.

Graziela Baggio, do Sindicato dos Aeronautas, não saiu da reunião muito otimista.

- Reitero que nosso posicionamento é de muita cautela e preocupação, porque a partir desse pedido de recuperação judicial, a Varig inicia uma contagem regressiva. Se não houver maioria nas negociações com o credores a empresa entra em processo falimentar. Só é preciso 75% de aprovação por parte dos credores. O problema é que só o governo detém cerca de 60% da dívida da Varig e, embora ele tenha interesse na recuperação da empresa, ele não tem muita liberdade para negociar - ressaltou.

A Varig Engenharia e Manutenção (VEM) e a empresa de transporte de carga Varig Log não foram incluídas no pedido de recuperação judicial feito pela companhia aérea na última sexta-feira. Segundo o presidente da VarigLog, João Luís Berne de Souza, apesar de toda a crise enfrentada pelo grupo, a empresa continua operando normalmente e arrendando novos aviões.