Título: Juros elevam dívida em R$ 14 bilhões
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 21/06/2005, Economia & Negócios, p. A21
BRASÍLIA - O estoque da dívida mobiliária federal, representada pelos títulos públicos emitidos internamente, registrou alta de 1,6% em relação a abril (mais R$ 14 bilhões), alcançando R$ 887,9 bilhões, segundo informou o Banco Central e a Secretaria do Tesouro Nacional. Esse aumento é resultado da ação da taxa básica de juros (Selic) no estoque da dívida e à emissão de títulos, que ficou superior ao resgate em R$ 3,8 bilhões. Com a manutenção da Selic em patamares elevados, crescem também os gastos do governo com a administração da dívida. A taxa de juros passou por nove altas consecutivas e só nesse mês o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu mantê-la em 19,75%. Uma estratégia do governo é incentivar, por meio de maior oferta ou maior remuneração, a participação de títulos prefixados, com o objetivo de se prevenir das elevações da Selic. Dessa forma, o governo já sabe quanto pagará pelo título, no momento do leilão. Os títulos prefixados tiveram, em maio, aumento na participação de 22,1%, contra os 22,3% do mês anterior. A colocação líquida ficou em R$ 16,2 bilhões.
A participação dos títulos remunerados pela Selic apresentou redução de 59,2% para 57,8%, devido ao resgate líquido de R$ 11,3 bilhões em Letras Financeiras do Tesouro (LFT), título reajustado conforme a evolução da taxa de juros. O percentual da dívida atualizado pelo câmbio recuou 4% para 3,7%. Segundo o Tesouro, o resultado é reflexo do resgate de R$ 400 milhões e da alta do dólar de 5,04%, em maio, com relação ao mês anterior.
O prazo médio das emissões em oferta pública manteve-se em 22,9 meses. O prazo médio do estoque da dívida - ou seja, para vencimento dos títulos - caiu de 27,9 meses para 27,5.
O coordenador de Operações da dívida pública, Paulo Valle, afirma que a crise política não contagiou a captação de recursos por meio de leilões. A captação é necessária para o pagamento da dívida externa brasileira.
Ele afirma que, em uma ''ação conservadora'', o governo reduziu a oferta de títulos na semana em que foram divulgadas as denúncias de Jefferson. Mesmo assim, a demanda manteve-se em alta, com uma oferta de US$ 1,5 bilhão.
- A crise política não está afetando a rolagem da dívida pública - avalia. Valle acrescentou que a taxa de rolagem da dívida está em 111%, este ano, sendo que em 2004, foi de 86%.