Título: Suspeitos detalham fraudes na Schincariol
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 21/06/2005, Economia & Negócios, p. A22

BRASÍLIA - Mais de 10 pessoas envolvidas com a quadrilha de sonegação identificada pela Operação Cevada já revelaram detalhes do esquema criminoso feito pela Schincariol nos depoimentos à Polícia Federal. Na semana passada, a PF prendeu 70 pessoas, incluindo todos os donos da Cervejaria Schincariol. Ontem, a Justiça Federal renovou as prisões temporárias de Adriano, Alexandre, Gilberto Júnior, José Augusto e Gilberto Schincariol. Segundo um dos delegados que acompanham a Operação Cevada, muitas pessoas envolvidas com a sonegação bilionária estão contando detalhes do funcionamento da quadrilha e ainda sobre o envolvimento da direção da Schincariol com a sonegação. Algumas das pessoas que estão colaborando com a polícia estão sendo soltas.

A PF já sabe que a montagem do esquema de sonegação, corrupção e possivelmente lavagem de dinheiro foi obra de sete advogados, que davam toda a fachada de legalidade ao esquema corrupto. Alguns deles, conforme antecipou o JB embolsavam até R$ 500 mil mensais da quadrilha.

Segundo a PF, os advogados ajudavam a criar empresas laranjas e fantasmas para obter liminares na Justiça, para que não pagassem impostos. Quando as liminares caíam em segunda instância do Judiciário, os advogados abandonavam as empresas e passavam a trabalhar com nomes de outras empresas. Entre os advogados presos estão Bellini José Salles Ramos e Domingos Sales de Araújo.

Segundo a PF, um dos advogados revelou que sua conta bancária recebia parte do pagamento do lucro obtido com as liminares. A PF poderá solicitar ao Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça o rastreamento de contas bancárias da quadrilha no exterior.