Título: Jaques Wagner é convidado a assumir a Coordenação Política
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 22/06/2005, País, p. A2
BRASÍLIA - O ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner, será oficializado nos próximos dias na função de articulador político do governo. Convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em conversa na noite de segunda-feira no Palácio do Planalto, Wagner se dispôs a acumular a nova tarefa com o comando do Conselho de Desenvolvimento Social e Econômico. - Estou disposto - respondeu Wagner ao presidente depois de indagado sobre a disposição de ampliar as atribuições até a ação política com o Congresso.
O anúncio oficial aguarda apenas a definição pelo presidente do novo desenho da Casa Civil, sob a batuta de Dilma Rousseff. A tendência é pela extinção da Coordenação Política. Wagner funcionaria como um assessor especial, ligado à Dilma, para montar a interface com o Congresso.
Pesou em favor do ex-sindicalista o bom trânsito com senadores e deputados, incluindo petistas, oposição e representantes de estados e municípios, aprimorado desde janeiro de 2004 quando passou a integrar o núcleo político do governo.
O ministro conquistou definitivamente o respeito de Lula ao demonstrar jogo de cintura e traquejo político à frente do Conselho, onde é responsável pelo meio-campo entre empresários e setores da sociedade civil organizada. O presidente gostou muito do que viu no concorrido jantar na Granja do Torto a industriais e conselheiros em maio, quando a crise de relacionamento com o Congresso ensaiava os primeiros passos.
Wagner ganhou mais pontos com o presidente ao aceitar ser curinga na reforma ministerial, no início de 2004. Na ocasião cedeu lugar ao então ministro da Previdência, Ricardo Berzoíni, no Ministério do Trabalho em nome de uma composição No PT. A atitude rendeu dividendos políticos no partido.
Na cerimônia de posse de Dilma Rousseff, o ministro da Educação, Tarso Genro, expressou o que pensa parte do partido: ''Se o ministro Aldo sair, a Coordenação deve ficar com o PT, e o nome do Jaques Wagner é excelente''.
O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, incluído entre os cotados para a articulação política, foi descartado por uma avaliação eleitoralmente pragmática de Lula e do PT: o partido não poderia prescindir de um quadro com reais chances de triunfar na sucessão estadual em 2006.
A reforma ministerial só se completará na próxima semana. Lula quer a eliminação de focos da crise política, o fortalecimento da bancada governista na Câmara, a ampliação do espaço do PMDB na Esplanada, o enxugamento da máquina administrativa e a redução do número de cargos de primeiro e segundo escalões nas mãos de PL, PP e PTB.
Em conversas reservadas, o presidente revelou que as mudanças no primeiro escalão serão norteados pelo seguinte critério: os ministros que permanecerem e os que incorporados terão que acompanhá-lo até o último dia do governo. Ou seja, quem quiser ser candidato a cargo eletivo em 2006 ficará de fora. O presidente vai enxugar a estrutura administrativa, promovendo a fusão de pastas e extinguindo secretarias.
Nos próximos dias, encontra-se com as líderes do PMDB para definir o espaço do partido na Esplanada que hoje controla os Ministérios das Comunicações (Eunício Oliveira) e a Previdência Social (Romero Jucá). Deve ganhar mais duas pastas.
O PP pode ficar com o do Trabalho, para o deputado Francisco Dornelles - titular do cargo no governo de Fernando Henrique Cardoso. O assunto deverá ser tratado com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, ainda esta semana.