Título: Varig ensaia concerto afinado
Autor: Cristiane Crelier
Fonte: Jornal do Brasil, 22/06/2005, Economia & Negócios, p. A22

O novo presidente do Conselho de Curadores da Fundação Ruben Berta (FRB, controladora da Varig), Osvaldo Cesar Curi, ratificou ontem a autonomia do Conselho de Administração, presidido por David Zylbersztajn, para coordenar o processo de reestruturação da companhia aérea. Curi afirmou que pretende dar continuidade à política de Ernesto Zanata, que renunciou ao cargo na última segunda-feira, e demonstrou apoiar as recentes decisões.

- Minha gestão será de alto respeito à governança corporativa, ótimo relacionamento entre o Conselho de Curadores e o Conselho de Administração da Varig. A FRB quer que o conselho tenha autonomia para tomar as decisões necessárias para o processo de recuperação da empresa - afirmou Curi.

O executivo disse ainda que quer aprimorar a confiança interna e externa na companhia.

- O conselho tem toda a liberdade e continuará tendo. Foi dele a decisão de negociar com a TAP e foi dele a decisão de pedir a recuperação judicial.

Sobre este tema, Curi acredita que o conselho ''olhou o cenário com frieza e firmeza. E eu tenho certeza de que essa decisão vai ajudar a Varig''.

O juiz Alexander dos Santos Macedo, da 8ª Vara Empresarial do Rio, deve se pronunciar hoje sobre o deferimento do processamento da recuperação judicial da Varig. A companhia entregou ontem, como havia determinado o juiz, o relatório contábil referente às empresas do grupo (Varig, Rio Sul e Nordeste). A perícia detectou algumas irregularidades.

- Não é nada grave; só algumas retificações com relação a endereço e assinatura do balanço - diz o advogado da Varig, Sérgio Bermudes.

O empresário Nelson Tanure, dono do JB e da Gazeta Mercantil, informou ontem aos trabalhadores da Varig - durante reunião na sede do Sindicato dos Aeronautas - que está retirando sua proposta de investimento na companhia. De acordo com Graziela Baggio, presidente do sindicato, a retirada deve-se ao fato de a proposta não ter sequer sido analisada pelo conselho da Varig.

- Isso é muito temerário. Porque antes de entrar em um processo judicial a companhia deveria ter avaliado as alternativas; já que para sair do procedimento é preciso o aval dos credores, com quem a empresa tem dificuldade em negociar - afirmou.