Título: Mais baixaria na Câmara
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 23/06/2005, Brasília, p. D1
A sessão de ontem na Câmara Legislativa foi marcada por mais uma cena de bate-boca entre os deputados João de Deus (sem partido) e Érika Kokay (PT). Depois de um discurso em que o distrital atacou o ''lamaçal do Partido dos Trabalhadores'', inclusive comentando a perda dos direitos políticos da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, Kokay levantou questão de ordem, dizendo que o comportamento dos colegas na Câmara lhe fazia lembrar uma canção de Cazuza cujo refrão é ''bicho humano uivando''. João de Deus assumiu a ofensa e devolveu: - Sou um cachorro que continua uivando porque tem cadela latindo - disse o deputado, referindo-se à líder petista que, indignada, retirou-se do plenário.
Segundo Érika, antes mesmo da declaração ao microfone João de Deus vinha falando baixinho que não iria atacá-la publicamente, e a chamou de ''cadelona'', aos risos. O parlamentar jura que não falou nada disso e acusou a colega de querer ''criar factóide''.
- A postura dele é pré-histórica, não aceita o debate de idéias. Além disso, fere o decoro parlamentar, que condena a agressão de um distrital contra o outro e a incitação da desordem - disse a petista, ressaltando que estuda um pedido de punição ao colega na Corregedoria da Câmara. Ela pretende ainda juntar os novos ataques ao processo criminal de injúria e ameaça que tramita no Tribunal de Justiça do DF contra João de Deus. A denúncia ao TJ foi apresentada pelo Ministério Público a partir de um inquérito apurado na Delegacia da Mulher, aberto pela deputada. O TJ ainda não avaliou se aceita a denúncia.
Na época, Érika denunciou João de Deus - então presidente da Comissão de Ética da Casa - por ter colocado o dedo em sua cara e tê-la empurrado em plenário. A discussão começou porque a petista criticou o modo como vinha sendo tocado o processo contra o deputado Carlos Xavier, depois cassado.
O distrital, que assumiu interinamente a vaga de Vigão (PP), licenciado para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais, admite a fama de truculento entre os colegas e brinca que ''adrenalina faz bem''.
- Mas quem provocou foi ela - defende-se João de Deus, recentemente envolvido em outro barraco no cafezinho da Câmara. Na última reunião da CPI da Educação, o parlamentar teria virado uma mesa contra o relator Paulo Tadeu (PT) em uma discussão sobre o andamento dos trabalhos. O petista partiu para a agressão física mas teria sido contido pelos presentes. João de Deus reclama dos caminhos que a comissão vem tomando nas investigações.
O presidente da Casa, Fábio Barcellos (PFL), acredita que tudo pode ser resolvido na conversa.
- O que não podemos é prejudicar os trabalhos na Casa - disse Barcellos.
Ontem, os distritais apreciaram 14 projetos de lei e quatro moções. Dentre eles, foi aprovada em segundo turno a autorização para se injetar R$ 20 milhões na Caesb, que serão repassados à Corumbá 4.