Título: Esplanada indefinida
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 23/06/2005, País, p. A5

O lento andamento da reforma ministerial, que começou segunda-feira quando Dilma Rousseff foi anunciada para a Casa Civil, fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelar a viagem que faria hoje ao Rio. Com o surgimento sucessivo de denúncias de corrupção, o presidente quer acelerar a reforma, mas por enquanto, ninguém arrisca quem vai entrar na Esplanada dos Ministérios. Por hora, a única situação clara é a do petista Jaques Wagner que já foi convidado para a Coordenação Política, hoje nas mãos de Aldo Rebelo (PCdoB).

Para abafar a crise, o presidente precisa estreitar as relações com o PMDB. Isso deve resultar na entrega de mais dois ministérios à sigla, mas o presidente diz precisar do partido unido. O governo também terá de retirar algumas cadeiras que hoje estão com o PT, fazendo uma verdadeira distribuição de poderes, mas tem enfrentado resistências. A reforma que inicialmente foi anunciada como ampla, virou restrita e agora não se sabe mais qual será o seu formato. Hoje, Lula fará um pronunciamento à nação, em cadeia nacional de TV, para dizer que o seu governo é o que mais combate a corrupção.

Enquanto isso, as críticas à indecisão do presidente vêm de todos os lados. Alguns petistas criticam o convite a Jaques Wagner, alegando que ele estaria ''desatualizado'' para a Coordenação Política. Entre os outros aliados, o sentimento é um misto de compasso de espera e descrença.