O Estado de S. Paulo, n. 46631, 19/06/2021. Política, p. A4
Para candidatos à PGR, Aras falhou na pandemia
Weslley Galzo
Candidatos à sucessão do procurador-geral da República, Augusto Aras, fizeram ontem fortes críticas à atuação do chefe do Ministério Público Federal na pandemia do novo coronavírus. Os subprocuradores Luiza Frischeisen, Mario Bonsaglia e Nicolao Dino, que compõem a lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), cobraram “protagonismo” de Aras na crise sanitária.
“O que temos visto neste contexto de calamidade é que está faltando protagonismo do procurador-geral no sentido de provocar, de cobrar ações e o funcionamento das instituições de forma urgente”, afirmou Dino durante debate promovido pela ANPR. “Cabe ao procurador-geral, em qualquer contexto de omissão da atuação dos governantes, agir no sentido de cobrar o suprimento da omissão e, eventualmente, cobrar a responsabilidade quando as ações e omissões configuram ilícitos do ponto de vista penal.”
Para Bonsaglia, Aras tem se omitido. “O problema sanitário gravíssimo não tem sido enfrentado pelas autoridades federais da maneira desejável. Essa série de acontecimentos trágicos abrem o ensejo para a maior atuação do Ministério Público Federal”, disse Bonsaglia.
Luiza destacou o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter adotado medidas contrárias às orientações do Ministério da Saúde e, mesmo assim, Aras ter se furtado da prerrogativa de pedir a investigação do governo, sobretudo diante do alto número de representações apresentadas contra a administração federal.