Título: Propina gerou escândalo
Autor: Daniel Pereira e Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 23/06/2005, País, p. A2

BRASÍLIA - Em fevereiro do ano passado, a revista Época divulgou uma gravação em que Waldomiro Diniz, um dos assessores de confiança do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, aparecia cobrando propina do bicheiro Carlinhos Cachoeira para financiar campanhas eleitorais do PT. A gravação foi feita em 2002, na época em que Waldomiro presidia a Loterj. Em 13 de fevereiro de 2004, logo após a divulgação da gravação, Waldomiro pediu para ser exonerado do cargo de subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República.

Outras informações sobre as ações de Waldomiro foram divulgadas na época. Ele teria participado de reuniões com executivos da empresa GTECH, quando já estava no governo Lula. Pelas informações, a GTECH negociava um contrato milionário com a Caixa Econômica Federal. Surgiram suspeitas de que Waldomiro tenha liderado as negociações. CEF e GTECH negaram.

Na época, foram abertos uma sindicância na Presidência da República, um inquérito na Polícia Federal e o Ministério Público Federal também iniciou uma investigação. Nenhuma delas comprovou a ligação de José Dirceu com o suposto esquema de corrupção montado por Waldomiro Diniz.

Na Assembléia Legislativa do Rio, foi aberta uma CPI, que indiciou Waldomiro Diniz e Cachoeira por corrupção. No Congresso, a oposição conseguiu o número de assinaturas necessárias para criar uma CPI para investigar os bingos, área de atuação de Cachoeira. Os líderes do governo, no entanto, não indicaram os seus integrantes e a CPI nunca foi instalada.