Título: Política sim, desarmamento não
Autor: Olivia Hirsch
Fonte: Jornal do Brasil, 19/06/2005, Internacional, p. A13

O êxito legítimo nas urnas, como manda a cartilha de Washington, no entanto, não deve afastar o Hamas e o Hisbolá das armas, concordam os especialistas em Oriente Médio Mouin Rabbani, que vive na Jordânia, e Khaled Hroubk, que reside na Grã-Bretanha.

Segundo Hroubk, isso ocorre porque tais grupos acreditam que sua popularidade é fruto de seus ''projetos de resistência''.

- É difícil prever o desarmamento se as condições permanecerem as mesmas. No caso do Hamas, por exemplo, o grupo perderia consistência se decidisse abandonar as armas enquanto uma ocupação israelense de facto continua controlando o dia-a-dia dos palestinos - diz. - O melhor que podem esperar, tanto Israel, os EUA e até a ANP, é um prolongado período de trégua.

O ponto positivo do crescimento político, aponta Rabbani, será que tanto o Hamas quanto o Hisbolá terão de prestar contas à população sobre seus atos e serviços prestados, o que não acontece quando se é de oposição ou se age apenas voluntariamente.

- Eles terão de confrontar as responsabilidades e as obrigações formais da liderança e do poder. No caso do Hisbolá, já não poderá escolher atender apenas à população do Sul, mas vai ter de assistir aos libaneses de maneira geral - afirma o especialista.

Sobre os motivos do fortalecimento dos grupos militantes, ambos analistas opinam que há uma forte relação com a política americana para o Oriente Médio.

- Qualquer pessoa com um cérebro que funcione apenas 10 minutos por semana pode rapidamente concluir que a política dos EUA é uma das principais ferramentas de recrutamento dessas organizações - ressalta Rabbani. (O.H.)