Título: Floresta Nacional sob ameaça
Autor: Adriana Bernardes
Fonte: Jornal do Brasil, 19/06/2005, Brasília, p. D10

A Floresta Nacional de Brasília (Flona) existe oficialmente desde 1.999. Foi criada para proteger as duas principais vertentes de mananciais que abastecem o Distrito Federal: Descoberto e Santa Maria/Torto. Mas já na sua criação, existiam três assentamentos provisórios autorizados pelo governo. Um deles é o Assentamento 26 de Setembro implantado no local em 1.996. Segundo o Ibama existem 275 famílias morando no local. Segundo Elda Vargas, essas pessoas deveriam ter sido retiradas pelo GDF em 2003 de acordo com uma sentença judicial. Na da área 3 também tem assentamento irregular próximos aos Córregos Zé Pires, Cortado e Rio Descoberto.

- O maior problema é que está havendo a contaminação das águas por uso de defensivos agrícolas - explica Mirian Ferreira, analista ambiental da Flona.

Flagrante - Ao visitar o local para fotografar os assentamentos, a equipe do JB flagrou o desvio de uma nascente com sacos de areia. O morador que acompanhava o fotógrafo foi acusado pelos vizinhos de terem denunciado a irregularidade. Houve bate-boca e ele foi ameaçado de morte.

- Eu não sabia que eles tinham feito isso. Moro mais em cima. É novidade pra mim também - afirmou José Carlos da Silva, um dos assentados.

A irregularidade foi informada à diretoria da Flona, Mas até o final da tarde de sexta-feira nenhum servidor do Ibama foi no local.

Dificuldades - A distância entre as quatro áreas que compõem a Floresta Nacional pode chegar a 30 quilômetros, o que segundo as analistas ambientais dificulta o trabalho de fiscalização. Miriam Ferreira, que também é ambientalista na Flona, relata que falta infra-estrutura física e humana. Apesar de o programa de visitação ter começado, não existe uma estrutura para receber a comunidade, como centro de visitantes, banheiros, auditório e um mini-museu.

Vitórias - A luta pela preservação ambiental tem conquistado algumas vitórias. Dia 14 último, a Justiça concedeu liminar que impede Agência Goiana de Meio Ambiente, o municipio de Pare Bernardo e a Ouro Verde Construções de realizar o parcelamento do solo na Área de Proteção Ambiental do rio Descoberto. A juíza substituta da 4ª vara de Justiça Federal de Brasília, Lília Botelho Neiva, determinou que o município de São Bernardo coloque cinco placas de, no mínimo, 4 metros de largura por 2,5 metros de altura, informando que a área está sob judice.

Já a Ouro Verde Construções e Incorporações não poderá vender os lotes nem fazer propaganda. O dinheiro que receber dos lotes já vendidos, terão que ser depositados em juízo. A promtora do Prodeman, Marta Eliana de Oliveira, conta que outro parcelamento irregular, o do condomínio Jardim Bela Vista, em Águas Lindas (GO), também foi embargado.