Título: Corregedor pedirá vídeos
Autor: Fernando Exman e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 27/06/2005, País, p. A3

O corregedor da Câmara dos Deputados, Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou ontem em Teresina que pretende estender por mais trinta dias as atividades da sindicância que apura as denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que o Partido dos Trabalhadores pagava uma mesada a deputados do PL e do PP em troca de apoio ao governo federal. A intenção do corregedor é ampliar o leque de pessoas interrogadas e ainda conduzir com mais cautela as investigações. Nesta semana, a comissão de sindicância vai solicitar à segurança da Câmara as imagens captadas pelas câmeras de circuito interno da Casa. O objetivo do deputado é de confirmar as acusações feitas pelo ex-deputado Benedito Domingos (PP) de que as negociações ocorriam dentro da Câmara dos Deputados.

Outra acusação feita por Domingos, que a Corregedoria quer investigar, é o fato de o pagamento do mensalão ter sido feito na casa do líder do PP na Câmara, José Janene (PR).

Benedito Domingos, ex-tesoureiro do PP, também deverá ser convidado para depor depois do recesso parlamentar de julho. Em depoimentos informais, o ex-parlamentar chegou a confirmar que ''todos sabiam da chamada ajuda financeira'', e que ela não entrava no caixa do Partido Progressista.

A Comissão de Sindicância recomeça hoje seus trabalhos com o depoimento do presidente do PT, José Genoino, acusado por Roberto Jefferson de ser, ao lado do ex-ministro e deputado federal José Dirceu (PT-SP), um dos mentores do mensalão.

José Dirceu já se defendeu na semana passada e negou ter conversado com o Roberto Jefferson, sobre o suposto esquema de pagamento de mesadas no Congresso. Dirceu disse ainda que a primeira vez que ouviu falar do assunto foi em setembro passado por meio do JB. E admitiu conhecer o publicitário Marcos Valério, apontado como um dos operadores do esquema de pagamento.

Os ministros de Integração Nacional, Ciro Gomes, de Turismo, Walfrido Mares Guias, e de Coordenação Política, Aldo Rebelo, também ainda não confirmaram o dia de seus depoimentos, mas é provável que deponham ainda esta semana. Os ex-diretores dos Correios e o publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do esquema de mesada do governo, também serão ouvidos pelos integrantes da Comissão de Sindicância.

Os deputados Sandro Mabel (PL-GO) e o líder de seu partido, Valdemar Costa Neto (RJ), também já foram ouvidos e voltaram a negar participação no esquema das mesadas. Antes de depor, Mabel entregou à Casa representação pedindo a cassação da deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO), que afirmou no Conselho de Ética que Mabel ofereceu R$ 30 mil para que ela mudasse de partido.