Título: Ásia homenageia vítimas
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Fonte: Jornal do Brasil, 27/06/2005, Internacional, p. A8

Autoridades da ONU se juntaram a civis em cerimônias que marcaram os seis meses da tragédia.

BANDA ACEH, Indonésia - Milhares de pessoas se reuniram ontem em vários pontos do litoral do Oceano Índico para lembrar, seis meses depois, o tsunami que em 26 de dezembro atingiu 13 países do Sudeste Asiático e Oeste da África, matando 225 mil pessoas e deixando outras 50 mil desaparecidas. Na Indonésia, que sofreu as maiores devastações, autoridades da ONU e do Banco Mundial se juntaram a líderes locais e a civis na cerimônia.

Segundo cálculos das Nações Unidas, serão necessários mais US$ 10 bilhões para reconstruir e reabilitar a economia e a vida cotidiana nas áreas devastadas, nos cinco países mais atingidos: Indonésia, Sri Lanka, Índia, Maldivas e Tailândia. Na cidade de Banda Aceh, o coordenador dos esforços de ajuda da ONU à província de Aceh, Bo Apslund, afirmou que as vítimas estão começando a notar melhora em sua situação de vida.

- Daqui a um mês vamos ver a reconstrução mudar Aceh fisicamente - prometeu.

Pelo menos 128 mil pessoas morreram vítimas do maremoto na Indonésia, a maioria em Aceh. Segundo Kuntoro Mangkusubroto, o diretor do fundo de auxílio para a província e Nias - onde no fim de março ocorreu outro grande sismo -, o país está para receber US$ 2,8 bilhões de doadores internacionais. A maior parte da verba será gasta em 172 projetos anunciados durante a cerimônia de ontem, entre eles a construção de 30 mil casas permanentes.

- Queremos agradecer todo o mundo, todos os voluntários das organizações humanitárias, pela assistência - acrescentou.

No Sri Lanka, a cidade de Vakarai - controlada por rebeldes tâmeis - foi palco ontem de uma exibição de obras de arte feitas com destroços de objetos levados pela onda gigante. Foram mochilas, livros, sapatos, xícaras e partes de aparelhos de televisão, exibidas em uma escola governamental.

- O objetivo é fazer os sobreviventes liberarem a pressão psicológica. Eles ainda sofrem por dentro - explicou Shanthi Sivanesan, da ONG britânica Oxfam.

Na ilha de Phuket (Sul da Tailândia), turistas caminharam pela praia de Patong, onde mais cedo legistas, policiais e investigadores haviam celebrado uma missa em memória das vítimas do tsunami. Fotos de desaparecidos foram penduradas nas palmeiras. Muitos estrangeiros estão entre as 5.395 pessoas mortas.

Gabor Szigeti, um sobrevivente sueco de 32 anos, voltou a Khao Lak, um conjunto de praias ao Norte de Phuket - o mesmo local onde estava naquele 26 de dezembro. Ele e a mulher sobreviverem às ondas, que invadiram os bangalôs de turistas. O casal retornou para agradecer os moradores locais que os ajudaram a escapar, contou Szigeti.

A costa Leste da Índia também homenageou seus mortos. Incensos foram queimados nas praias e 207 árvores foram plantadas em Vakarai: o mesmo número de crianças tragadas pela água do mar, há seis meses. No distrito de Nagapattinam, cerca de mil crianças fizeram uma marcha à noite, à luz de velas.

Para evitar que um desastre como este volte a tirar tantas vidas no futuro, está sendo construído um sistema de alerta para tsunami para o Oceano Índico. Segundo a Unesco, 27 países devem estar amparados pelo sistema, quando for colocado em operação, em julho do ano que vem.