Título: Petrobras descarta investir mais em Pólo
Autor: Ricardo Monteiro, Sabrina Lorenzi, Gisele Saporito
Fonte: Jornal do Brasil, 24/06/2005, Economia & Negócios, p. A22

O governo federal quer limitar os investimentos petroquímicos da Petrobras, embora não queira frear a entrada da empresa em novos empreendimentos no setor. A intenção, confirmada ontem por um discurso do ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, poderá dificultar um velho sonho dos sócios privados (Suzano e Unipar) do novo Pólo Gás-químico do Rio de Janeiro, que é ter a estatal como sócia paritária no empreendimento, inaugurado ontem em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Para tornar o sonho realidade, a Petrobras teria que comprar a participação de 16,7% que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) detém da Rio Polímeros, a holding responsável pelo empreendimento de US$ 1,08 bilhão. Acrescida à participação da Petrobras (16,7%), a fatia do banco conferiria à estatal o mesmo percentual de cada um dos sócios privados da holding, que detêm 33,3% cada um.

Responsável pela pasta à qual está subordinado o BNDES, Furlan recorreu ontem ao discurso do presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, para sintetizar a tendência atual do governo. Segundo ele, que citou Dutra nominalmente, ''a Petrobras não quer ser majoritária em projetos petroquímicos''. Para o ministro, ''a definição do presidente da Petrobras foi clara''.

Dutra afirmou que a participação atual na estatal na Rio Polímeros ''sintetiza toda a estratégia da companhia na indústria petroquímica''. Isso porque a intenção da empresa é ser minoritária nos novos empreendimentos em que deverá investir, mas sem abrir mão dos poderes de voto e veto na gestão dos negócios.

- Nesse projeto participamos da gestão. A Petrobras não é um banco, não é mero financiador - afirmou.

A Rio Polímeros poderá, por outro lado, ter atendido pela mesma Petrobras outro desejo acalentado desde os tempos em que o pólo gás-químico ainda encontrava-se no papel. O diretor da área de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, afirmou que a empresa estudará a proposta dos sócios privados de ampliar a produção do novo pólo, das atuais 540 mil toneladas de polímeros para 700 mil toneladas. Para isso, a estatal teria de garantir quantidade adicional de eteno.

- Nós vamos analisar agora o pedido do grupo Suzano para expansão do Pólo (Gás-Químico) - afirmou Costa, sem saber que, mesmo entre a Suzano, há quem preveja dificuldades para a expansão.

Um executivo que preferiu não ser identificado informou que a Petrobras precisará analisar de forma mais minuciosa a viabilidade da expansão, devido ao tipo de petróleo encontrado na Bacia de Campos. Segundo ele, o óleo do tipo pesado, característico da região, dificulta a extração do gás natural necessário para a expansão da oferta do pólo fluminense.