Título: Marcos Valério: fazendeiros não aceitam cheque
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/06/2005, País, p. A7

O publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza afirmou à revista Veja ter feito altos saques em dinheiro para comprar gado. - Reconheço que já fiz vultuosas movimentações financeiras no Banco Rural. Tenho fazendas, compro animais. Lido com gado. Há fazendeiros que simplesmente não aceitam cheque

Segundo a Veja, técnicos do Banco Central detectaram diversos saques em dinheiro, de ''valores vultuosos'', de contas de Valério e empresas suas, no Banco Rural, em Belo Horizonte.

Reportagem da revista IstoÉ reproduz papéis que mostram saques das empresas do publicitário no total de R$ 20,9 milhões, entre julho de 2003 e maio de 2005, nos caixas do mesmo Banco Rural. De acordo com a IstoÉ, os documentos foram entregues ao Ministério Público Federal de São Paulo e ao Ministério Público de Minas Gerais, que investigam supostas irregularidades.

Segundo a Veja, as datas em que foram feitos os saques coincidem com os relatos de Roberto Jefferson e da ex-secretária do publicitário, Fernanda Karina Somaggio.

Valério disse também ter visitado a assessora-chefe da Casa Civil, Sandra Cabral, na ante-sala do então ministro José Dirceu (PT), ''quatro ou cinco vezes''.

Valério é apontado por Roberto Jefferson como operador do suposto mensalão, mesada paga pelo PT a parlamentares da base governista. Valério negou a acusação.

O publicitário é sócio das empresas SMP&B Comunicação e DNA Propaganda, ambas prestadoras de serviços para governos, estatais e empresas privadas.

Valério disse que os encontros com a assessora de Dirceu eram para discutir a intenção de candidatura de Delúbio Soares, tesoureiro do PT e amigo em comum dos dois, a deputado federal:

- Eu e a Sandra discutíamos os projetos de Delúbio. Conversamos muito sobre isso - revelou à revista.

O publicitário afirmou não ser amigo de José Dirceu.

- No período em que foi ministro, estive com ele três ou quatro vezes, no máximo. Por telefone, devo ter falado duas vezes, logo no início do governo.

Segundo ele, os encontros aconteceram ''por acaso''.

- O Zé é professor de Deus, um cara muito formal. Temos um relacionamento esparso - disse à Veja.

Valério também afirmou à Veja que freqüentou o Banco Central e os gabinetes do ex-ministro dos transportes, Anderson Adauto, e de Humberto Costa, da Saúde, para ''discutir política''.

A revista quis saber porque o empresário foi 13 vezes à sede do PT em Brasília:

- Fui tomar cafezinho com meu amigo Delúbio. Discutíamos futilidades e um pouco de política. Nunca neguei que sou muito amigo mesmo do Delúbio. Eu sou do interior, bicho do mato. O Delúbio é goiano, bicho do mato também.

O publicitário revelou à Veja que Roberto Jefferson o envolveu nas acusações do suposto mensalão porque ''entrou numa rota de colisão'' com as lideranças do PT.