Título: Sócios da Schincariol são soltos
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/06/2005, País, p. A4

SÃO PAULO - Cinco donos da Schincariol e diretores da empresa presos durante a Operação Cevada da Polícia Federal foram soltos na madrugada de ontem. Estavam detidos na Superintendência da PF em São Paulo desde o último dia 15. A liberação ocorreu dez dias após a prisão porque venceu o prazo da prisão temporária. A Polícia Federal e o Ministério Público não renovaram os pedidos de prisão.

Além da sonegação fiscal, a família Schincariol é suspeita de envolvimento nos crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção de funcionários públicos. A operação conjunta da Receita e da PF resultou na prisão de 68 suspeitos de participar do que foi considerado o maior esquema de sonegação de impostos da história do país envolvendo uma empresa. Segundo cálculos da Receita, as fraudes somavam R$ 1 bilhão.

As investigações foram iniciadas em maio de 2004, assim que a Receita Federal identificou possível sonegação fiscal na fábrica do Grupo Schincariol em Cachoeiras de Macacu, no interior do estado do Rio. Segundo o Ministério Público Federal, há indícios de participação de funcionários da Receita e de Policiais Militares no esquema.

Cinco dos presos pertencem à família Schincariol: os irmãos Adriano (diretor-superintendente) e Alexandre (diretor de Recursos Humanos), além de Gilberto (vice-presidente) e os filhos Gilberto Júnior e José Augusto - primos de Adriano e Alexandre Schincariol, os sócios-proprietários.

Também foi liberado o presidente do conselho de acionistas da cervejaria Petrópolis, que produz as cervejas Itaipava e Crystal, Walter Farias. De acordo com agentes da PF, ele foi detido por ter integrado o suposto esquema de fraudes quando possuía uma distribuidora da Schincariol.

Em Itu, sede do grupo Schincariol, cerca de duas mil pessoas pessoas fizeram uma manifestação de apoio à cervejaria, na sexta-feira. Os funcionários da Schincariol se dizem preocupados com o futuro da fábrica da cidade. Segundo a Prefeitura de Itu, a empresa gera mais de 2.500 empregos diretos e é responsável por 10% da arrecadação de ICMS.

A Schincariol divulgou nota criticando a Polícia Federal, por ter liberado os funcionários após a meia-noite, prazo em que vencia a prisão temporária. ''Os diretores só foram libertados às 3h30 e às 5h30, em dois grupos'', informa o texto.