Título: Acusados fazem críticas
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 26/06/2005, País, p. A2

Presidente do Conselho de Ética da Câmara, o deputado Ricardo Izar (PTB-SP) trata do assunto com cautela, pois os envolvidos no episódio passaram ou passarão por lá. Foi no conselho que Jefferson afirmou, dirigindo-se ao então chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu: ''Zé, saí daí, senão você vai fazer réu um homem inocente''. Izar revela a preocupação.

- É um momento muito difícil. Nem mesmo durante a CPI Collor ou dos Anões do Orçamento vivemos dias tão tensos - compara.

Momento tensos mesmo vivem os acusados por Jefferson. O Jornal do Brasil os procurou, mas a maioria não retornou, incluindo Dirceu. Quem falou, não poupou críticas ao ex-presidente do PTB.

O líder do PL na Câmara, Sandro Mabel (GO), disse ter a consciência tranquila. O presidente do partido, Valdemar Costa Neto (SP), desqualifica Jefferson, afirmando que ele não tem provas.

- Ele é réu confesso. Cometeu quebra de decoro, por receber R$ 4 milhões sem declarar ao Tribunal Superior Eleitoral - devolveu Valdemar.

Para o ex-líder do PP na Câmara Pedro Henry (MT), a intenção de Jefferson é espalhar a confusão. O atual líder, José Janene (PR), - que permitiu a abertura dos sigilos bancário, fiscal e telefônico - concorda.

Entre os petistas, o incômodo não é menor. A legenda é acusada por Jefferson de financiar o esquema, supostamente planejado por Dirceu e operado pelo pelo secretário-geral do partido, Sílvio Pereira, pelo tesoureiro, Delúbio Soares, e pelo publicitário Marcos Valério. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), cobra apurações rigorosas. Mas acha exagero prever cassações ou absolvições baseadas nas palavras de Jefferson.

- Que país é este onde alguém com os antecedentes do Roberto Jefferson divulga nomes soltos e vira herói nacional? - indaga Biscaia.