Título: Henry: depoimento esperado
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 26/06/2005, País, p. A2

BRASÍLIA - Um dos acusados por Roberto Jefferson de promover a partilha do mensalão, o deputado Pedro Henry (PP-MT) foi líder do partido entre 2003 e 2004, período em que, segundo o denunciante, o dinheiro correu solto na bancada. Quarta-feira Henry falará ao Conselho de Ética.

Os parlamentares já se referem a Henry como o novo homem-bomba. Ele esteve a um passo de ser nomeado por Lula para ministérios nos dois últimos ensaios de reforma. Foi cotado para as pastas dos Esportes e do Trabalho.

O deputado diz nada temer, mas emudeceu depois das denúncias de que o assessor da liderança, João Cláudio Carvalho Genu, o ''João Mercedão'', seria um dos principais operadores da propina.

No ano passado, Henry adquiriu um avião do deputado Ricardo Fiúza (PP-PE). Em entrevista ao JB, na ocasião, disse tratar-se de um modesto monomotor Corisco orçado em US$ 40 mil. Mas no PP, quem teve o privilégio de voar no jato, assegura que ele é maior e proporciona mais conforto que o célebre jatinho do empresário Ermírio de Moraes, avaliado em alguns milhões.

O secretário-geral do PP, Benedito Domingos afirmou na última semana ter recebido uma proposta financeira de Pedro Henry para abrir mão da presidência regional do PP.

- Me senti diminuído e humilhado - disse.

Segundo ele, a a distribuição dos recursos era feita no apartamento do deputado José Janene (PP-PR), num edifício da Asa Sul que era chamado de ''pensão'' pelo pessoal do PL.

Até abril, Domingos exercia a função de tesoureiro nacional do PP e disse que o dinheiro vinha pelo caixa 2 , mas era chamado de ''apoio financeiro''.

- Havia ali uma grande movimentação na casa do Janene - acrescentou Benedito.

O presidente do PP, deputado Pedro Corrêa, também deve ser convocado a depor em breve na CPI dos Correios.