Título: Uma luta que não acaba
Autor: Rozane Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 26/06/2005, Internacional, p. A9

Quando condenou Edgar Ray Killen, um homem de 80 anos, ex-membro da Ku Klux Klan, os 12 jurados do Mississipi atenderam a dois pedidos da promotoria na última terça-feira. Eles o fizeram pagar por sua participação na morte de três jovens ativistas dos direitos civis na década de 60 e ajudaram o estado a se livrar de uma mancha em seu passado. Killen foi condenado a 60 anos por ter liderado o grupo que espancou e matou, em 1964, James Chaney, 21 anos (negro, do Mississipi), Michael Schwerner, 24, e Andy Goodman, 20 (brancos, de Nova York), que registravam eleitores negros no Mississipi no auge da luta contra a segregação racial nos EUA. A sentença - pena máxima - foi comemorada por uma multidão que acompanhou o julgamento de Killen.

O professor Douglas Hartmann, do Departamento de Sociologia da Universidade de Minnesota, acha a celebração válida. Mas alerta para o perigo de a condenação de Killen gerar, simbolicamente, o enterro de um problema que está longe de ser banidos no país.

- Não estou dizendo que a condenação não seja motivo de orgulho. Também não quero desprezar o fato de ainda termos extremistas no país. Mas é preciso lembrar que temos os chamados ''brancos moderados'', perigosos.

Segundo Hartmann, eles não cometem atos de violência, mas perpetuam o racismo quando deixam de dar um emprego a um cidadão negro, por exemplo, ou quando atuam nos bastidores em nome da chamada supremacia branca.

O congressista democrata John Lewis participou ativamente da luta pelos direitos civis na década de 60. Conheceu Martin Luther King Jr. e os três jovens assassinados no Mississipi. Hoje, ele ainda dedica seu mandato à luta contra o racismo e concorda com Hartmann.

- Espero que o Mississipi e os americanos façam ainda mais para honrar o sacrifício desses jovens. Não podemos dar a luta por encerrada.