Título: Lei gera reações de repúdio
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/06/2005, Internacional, p. A13

BOGOTÁ - A lei de Justiça e Paz, que favoreceu os paramilitares ao lhes conceder status político e redução de pena se desmobilizados no processo de desarmamento, foi aprovada no Congresso após meses de oposição férrea. Agora, a Colômbia encara a indignação em organismos como as Nações Unidas e a Humans Right Watch. Aos paracos da AUC são atribuídos crimes comuns como execuções, tortura, seqüestros e extorsão. Com o novo termo, tais crimes serão punidos apenas com oito anos de encarceramento.

- O texto não honra as formas aconselháveis de direito à verdade - assinalou Michael Frühling, delegado para a Colômbia do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. - É muito provável que não se logre esclarecer o que houve no país nos últimos anos - completou.

Já a Humans Right Watch agiu na frente internacional. A ONG, que atua em todo o mundo, pediu aos governos da Suécia e da Holanda que deixem de participar do processo de desarmamento feito por Bogotá. Segundo a HRW, a lei aprovada ''legitima o processo com a AUC''. O anúncio provocou uma reação irritada no governo. De uma força de entre 17 e 19 mil paramilitares, pouco mais de 5.200 já foram desmobilizados.

Ao coro se uniu também o presidente do Partido Liberal e ex-secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, César Gaviria. O parlamentar previu que o país enfrentaria uma chuva de críticas no âmbito internacional.

- Essa lei pouco tem de Justiça, de reparação ou de verdade - criticou Gaviria.

Principal financiador do Plano Colômbia, iniciativa de combate ao narcotráfico e, indiretamente à guerrilha de esquerda das Farc, os Estados Unidos respaldaram a decisão dos parlamentares. Segundo o embaixador americano em Bogotá, William Wood, a norma ''servirá para ambientar a paz e dará, sim castigo justo aos culpados''. Defensores da medida também argumentam que prevê a reparação das vítimas e a devolução de bens adquiridos ilegalmente. Woods, que já chamou os paramilitares de ''terroristas'' hoje tem outra avaliação.

- Nem o governo, a comunidade internacional, a oposição, a sociedade civil ou os Estados Unidos têm todas as respostas. Mas o debate acabou. A lei foi aprovada e se trata de uma ferramenta originada de processo democrático - avaliou.