Título: A segurança do lar
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 26/06/2005, Internacional, p. A16

Segundo país mais violentamente devastado pelo maremoto, o Sri Lanka contou pelo menos 2 mil cidadãos mortos. A gigantesca onda que varreu os litorais Sul, Leste e Oeste da ilha deixou ainda mais de 100 mil desabrigados, que hoje vivem 267 acampamentos. Por isso, assim como na Indonésia, a construção de novas e sólidas casas é a principal tarefa da fase pós-emergencial da ajuda humanitária. A ONG World Vision é uma das mais ativas no país. Desde dezembro ajudou 640 mil pessoas, com doação de alimentos, água e remédios. Tem o projeto de construir quase 6 mil casas temporárias ¿ das quais mais de 1.600 já foram levantadas ¿, além de 2.354 lares permanentes. Outras organizações internacionais também participam do esforço de reconstrução.

No entanto, o maior cuidado que se deve ter, alerta o americano Mike Rea, da Give2Asia, é não apressar demais a engenharia.

¿ Há pessoas que não se mudam para a casa nova porque temem que ela vá cair, pela rapidez com que foi construída ¿ afirma.

A maioria dos US$ 47,7 milhões recebidos pela Care para trabalho no Sri Lanka está sendo investida na construção de 6.500 ¿habitações de alta qualidade¿ nos próximos três anos, em sete distritos. Segundo um recente relatório, ¿isto representa 10% da necessidade total do país¿. No entanto, o texto adverte que ¿o cumprimento do projeto vai depender de segurança, da coordenação entre o governo e os rebeldes, que controlam vastas áreas do Sri Lanka, e da política nacional em relação à terra¿. Além dos sobreviventes do tsunami, a reconstrução de casas vai favorecer os desabrigados pelo conflito entre forças do governo e os rebeldes tâmeis.

Também no Sri Lanka o Programa Mundial de Alimentação (PMA) está assistindo 1 milhão de pessoas, incluindo 260 mil mulheres grávidas ou que tiveram bebê recentemente. Cerca de 150 mil crianças recebem, em sala de aula, alimentação reforçada em vitaminas. A World Vision igualmente trabalha na distribuição de comida em 170 escolas de regiões afetadas pelo tsunami, alimentando 38 mil alunos.

¿ Queremos que as famílias possam se concentrar na reconstrução, sem se preocupar se têm o suficiente para comer ¿ justifica Mohamed Saleheen, diretor do PMA na Indonésia.

Para ajudar os agricultores a se recuperarem economicamente, o órgão da ONU já comprou 80 mil toneladas de arroz colhidas por eles. Para tanto, usou parte dos US$ 58 milhões recebidos de doadores particulares, no primeiro mês após o desastre.

Enquanto isso, a Care está avaliando a construção de 10 novas escolas e a reforma completa de 55, danificadas pela água do mar. Também há planos de construir 19 clínicas médicas.