Título: Petistas locais temem repercussão
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 26/06/2005, Brasília, p. D1

A crise vivida na Esplanada dos Ministérios preocupa os políticos petistas da capital. A grande expectativa é que as investigações sobre o mensalão na Corregedoria da Câmara dos Deputados e na futura CPI apontem culpados e chegue às devidas punições. O objetivo é tentar resgatar a imagem do PT com a opinião pública até as eleições de 2006, de modo que nada respingue nos parlamentares DF que, até agora, não se viram envolvidos diretamente com as denúncias. - O eleitor do PT é de opinião. Essas variáveis têm peso grande - avalia o deputado federal Wasny de Roure (PT).

Ele ressalta que a reforma da previdência já vinha colaborando ''em grande peso'' para o desgaste do PT no DF, naturalmente mais abalado com as denúncias de corrupção só pelo fato de sediar a estrutura de governo.

Além da disputa pelo Palácio do Buriti, o receio dos petistas é ter dificuldades de atingir o volume de votos suficiente para eleger as bancadas em seus tamanhos tradicionais: cinco distritais e dois federais. O distrital Chico Vigilante não acredita em uma redução de mandatos. E acredita que a situação não evitará que a ''nação petista'' vá às ruas como nas eleições passadas.

- A nação sabe fazer análise, e avaliarão que o PT e o Lula estão fora das denúncias de corrupção. Além disso, há tempo suficiente para esclarecer tudo - diz Vigilante, relembrando que, em agosto de 2002, às vésperas das eleições, os governistas tentaram emplacar a CPI da Assefe na Câmara Legislativa.

Representante das chamadas ''alas de esquerda'' do PT, o distrital Chico Leite acredita que o momento é oportuno para fazer uma ''limpeza ética''. Leite também engrossa o coro dos que defendem rigor nas apurações, a fim de de resgatar a moralidade sem risco de redução na representatividade.

- Se o candidato das esquerdas ao GDF vier por meio de imposição do Planalto, teremos nossa Luiziane de calças - afirma o parlamentar, referindo-se à prefeita de Fortaleza (CE), Luizianne Lins. Leite já aventou algumas vezes a possibilidade de entrar na disputa pelo GDF.

Se por um lado tem gente preocupada com a repercussão negativa dos recentes escândalos nas próximas eleições, há quem esteja apostando no fortalecimento político trazido pelo episódio. O presidente do PSDB-DF, Geraldo Campos conta que nos últimos seis meses o número de filiados do partido de oposição a Lula cresceu 20% - saltando de 10 para 12 mil.

Campos acredita ainda que com o fortalecimento do grupo rorizista, o partido poderá crescer na avaliação do governador Roriz. O objetivo é emplacar a candidatura da tucana vice-governadora Maria de Lourdes Abadia.

- Enquanto temos integrantes do PMDB que votam contra o governo e trocam de partido, e membros do PFL que se aliam ao PT, temos mantido no PSDB uma linha regular. Somos muito mais leais que o próprio partido de Roriz - afirma Geraldo Campos.