Título: Poluição ameaça Parque do Gama
Autor: Adriana Bernardes
Fonte: Jornal do Brasil, 26/06/2005, Brasília, p. D4

Se a primeira impressão é a que fica, a do Parque Recreativo do Gama, mais conhecido como ''Prainha'', não é das melhores. Na entrada principal, a guarita, com aspecto de abandono, sem portas, com rachaduras pela parede e precisando de pintura, não é sugere qualquer atrativo. E parece refletir, em parte, a atual situação do parque. Seguindo pela estrada principal, o visitante vai se deparar com portão trancado com cadeado. Daí em diante, a visita só pode ser a pé. Mas não precisa atravessar o portão menor (logo ao lado) para ouvir o barulho da corredeira. Apenas há pouco mais de um metro à direita, a visão que se tem já vale a pena. A água de cor esverdeada do córrego Ribeirão Alagado, desliza sobre as pedras e forma pequenas quedas d'água e piscinas naturais. Mas a poluição torna o curso d'água proibido ao visitante que queira se refrescar no Ribeirão. Rappel - A paisagem ainda mais encantadora, estaria por vir. Logo após o portão, há cabanas de piquenique e um parque infantil Ambos em condições de uso. As duas piscinas, estão desativadas há mais de dois anos, porque precisam de ''umas coisinhas'', conforme um funcionário do local, que evitou dar detalhes da situação do parque.

À direita das piscinas, o que chama a atenção é um imenso paredão de pedra. Um convite à prática do rappel, esporte permitido somente com a presença de soldados do Corpo de Bombeiros. Rente ao paredão desliza a corredeira, ora formando quedas d'água, ora pequenas piscinas naturais até sumir no vale entre pedras e a vegetação do cerrado ainda preservada.

Lixo -Em meio a este lugar paradisíaco, os sinais do descaso do homem com o meio ambiente estão por todo lado. Encontra-se grande quantidade de lixo fora e até dentro da corredeira, preso entre os galhos de árvores.

O passeio continua nas várias estradas de chão batido que existem por ali. Mas é desaconselhável ao visitante que não conheça o parque, embrenhar-se pela mata. Não existem placas indicativas e existe o risco de se perder.

Um dos muitos caminhos leva o visitante ao vilarejo de Boa Vista II, já no estado de Goiás. A fronteira entre o DF e o estado vizinho é apenas uma estrada ssem pavimentação. Na entrada (ou saída) do parque, há muito lixo doméstico e entulhos de construção espalhados por toda parte. Até um campo de futebol improvisado existe no local. Nenhuma cerca, ou placa alertam para a proibição de invasão ou que o local é impróprio para o descarte de lixo.

Comparques - O secretário de Administração dos Parques, Ênio Dutra, informou que uma das prioridades é concluir o plano de manejo do parque, que será financiado pela Terracap ''como forma de compensação ambiental''. O acordo fechado com o Ministério Público, deve ser cumprido até o fim do ano. Sobre a poluição do córrego, a solução também estaria próxima. Ênio garantiu que até o fim do ano a água estará totalmente despoluída. A obra será realizada pela Caesb. As piscinas e o bar serão licitados para exploração pela iniciativa privada. Entre as obrigações do vencedor está a de fazer a manutenção do local. O cercamento do parque deverá ser concluído no próximo semestre.