Título: Auto-escola e igreja na área ambiental
Autor: Adriana Bernardes
Fonte: Jornal do Brasil, 26/06/2005, Brasília, p. D4

O Parque Urbano e Vivencial do Gama passa despercebido para quem não é da cidade. Quem passa pela Quadra 2, do Setor Norte do Gama, o que existe é uma grande área desmatada onde foi realizado o replantio de mudas há pouco tempo. Da avenida Contorno, avistam-se dezenas de invasões entre árvores nativas e bananais. No outro extremo, boa parte do parque também foi desmatada e o chão asfaltado. É ali que carros e motos de auto-escolas treinam seus alunos. Logo à frente, um dos poucos espaços destinados ao lazer. Dois campos de futebol de chão batido, onde crianças e adultos passam o tempo. No outro canto tem igreja, uma casa para idosos e a maçonaria, tudo isso, segundo Marcos Moreno, presidente do Conselho Comunitário do Setor Norte do Gama, são invasões da área do parque. O único lugar cercado com alambrado - parte dele já danificada por vândalos - é uma nascente ainda sem nome, mas com grande valor do ponto de vista ambiental e ameaçada por moradores que construíram colado na cerca que protege o lugar.

Moreno diz que o parque foi oficializado em 1.998, mas até hoje a poligonal (área) não foi traçada. Como conseqüência, o parque não foi cercado os invasores foram chegando, e agora os moradores desconfiam que a Comparques quer reduzir a área de 59 hectares para 52 hectares. Uma forma, segundo Moreno de manter as igrejas, a maçonaria e o lar dos idosos.

- Eles disseram que é uso de boa-fé. Se esse tipo de argumento encontrar respaldo judicialmente ou para o governo, vou comprar material, construir minha casa perto do Palácio do Planalto e dizer que é uma invasão de boa-fé. Não podemos aceitar isso, senão daqui uns dias, perdemos toda a área do parque - defende Moreno.

O conselho comunitário tem como prioridade conseguir o cercamento da área e a desocupação do local. Segundo Marcos Moreno existe R$ 80 mil no orçamento para serem aplicados no parque. Dinheiro que poderia ser usado para construir uma pista de cooper, uma ciclovia e dois circuitos inteligentes de ginástica. Tudo isso ouvindo a comunidade e os técnicos sobre o melhor local para a implantação desses equipamentos.

- Acho que o pessoal da Comparques discrimina o Gama. O parque do Sudoeste acabou de ser criado e o secretário falou que vai cercar a área está correndo atrás de recursos para fazer o plano de manejo. O Parque Vivencial do Gama existe há sete anos e está completamente abandonado - reclama Moreno.

O secretário Ênio Dutra não fixou data, para solucionar os problemas do Parque Urbano e Vivencial do Gama. Mas garantiu que o plano de manejo será concluído em breve. E como já existe verba no orçamento destinada ao parque, outras reivindicações como cercamento e pista de cooper, poderão ser concluídas ainda este ano.

- Quanto as invasões, já fizemos qualificação dos invasores e quem não se enquadrar no programas sociais do governo, serão convidados a se retirar. As auto-escolas também deixarão o local, mas as igrejas e o lar dos velhinhos, continuarão lá. Aquelas áreas foram doadas a eles, numa época em que não se tinha essa política voltada para a preservação do meio ambiente - esclarece Dutra.