Título: A ameaça crescente do tipo 2
Autor: Maria Vianna
Fonte: Jornal do Brasil, 25/06/2005, Vida, p. 1

Geralmente causada por uma combinação de maus hábitos - alimentação desequilibrada, sedentarismo, fumo etc - a diabete tipo 2 aparece de forma lenta e gradual e causa os mesmos estragos no organismo que a diabete tipo 1 - atinge coração, rins, olhos, sistema nervoso e circulação. Perigoso, esse tipo da doença preocupa pelo ritmo em que vem crescendo. ''O aumento de casos é assustador. No hospital da Universidade de Columbia, nos EUA, 50% das crianças que chegam com diabete têm o tipo 2, devido a hábitos de vida nada saudáveis'', explica o cardiologista David Aronne, da Universidade de Cornell.

Aronne alerta para o risco de uma epidemia nos países em desenvolvimento, onde a população está passando da desnutrição para a obesidade. ''No Brasil, o aumento nos casos será de 29% nos próximos 15 a 20 anos'', estima. Segundo o médico, descendentes de índios, latinos e negros têm mais chances de desenvolver a doença, já que tendem a estocar gordura na região abdominal.

Para reverter esse avanço, os médicos diminuíram os parâmetros que determinam a diabete. E estabeleceram a categoria dos pré-diabéticos: quem tem níveis altos de glicose, triglicerídeos e colesterol, além de gordura abdominal anormal e pressão alta. Essas características são sinais da síndrome metabólica, distúrbio que, por causar insuficiência no pâncreas, aumenta o risco de doenças cardíacas e abre portas para a diabete tipo 2.

''A mudança de hábitos assim que as alterações são detectadas é essencial para diminuir a quantidade de remédios que a pessoa vai ter de tomar pelo resto da vida para controlar os sintomas'', ressalta Alfredo Halpern. Para o endocrinologista, a dobradinha dieta saudável e exercício é uma arma eficaz para os portadores da síndrome metabólica conseguirem perder peso e diminuir o colesterol e a glicose.

Mas, dependendo da gravidade do caso, a receita pode não ser suficiente. Motivo: a resistência à insulina decorrente da síndrome dificulta muito o emagrecimento.

Para esses casos, uma nova geração de remédios pode ser a solução: eles atuam no cérebro, regulando o apetite, e no tecido adiposo, diminuindo a secreção de hormônios, facilitando o equilíbrio metabólico. ''A resistência à insulina já faz o indivíduo engordar naturalmente. Fora isso, quem começa o tratamento normalmente já está obeso e tende a engordar ainda mais, porque os remédios que equilibram a insulina no corpo favorecem o ganho de peso. Como manter o peso ideal é prioridade para diabéticos, buscar alternativas para os pacientes é de suma importância'', afirma Halpern.

Estatísticas mostram que 65% dos diabéticos morrem de complicações no coração. ''Emagrecer é meio caminho andado para evitar enfartes e hipertensão, situações possivelmente fatais'', resume o cardiologista Christie Ballantyne, do Methodist DeBakery Heart Center, no Texas.