Título: Aperto fiscal supera meta em 63%
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 25/06/2005, Economia & Negócios, p. A17
O governo central (que inclui as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou superávit primário - receita menos despesas excluindo-se o pagamento de juros da dívida - de R$ 3,092 bilhões em maio, valor menor que os US$ 3,7 bilhões registrados no mesmo mês do ano passado. No ano, porém, o superávit ainda está bem acima da meta: são 4,4% do PIB para um alvo da ordem de 2,7% para os cinco primeiros meses - meta superada em 63%. Para o ano, a meta é economizar 4,25% do PIB.
No resultado de maio, o Tesouro Nacional teve resultado primário positivo de R$ 5,452 bilhões, enquanto a Previdência e o Banco Central apresentaram déficit de R$ 2,343 bilhões e de R$ 16,8 milhões, respectivamente. No ano, o governo central exibe um superávit maior do que o acumulado nos cinco primeiros meses de 2004: R$ 33,7 bilhões, equivalente a 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB) para cinco meses, ante os R$ 28,450 bilhões do ano passado (4,19% do PIB).
- A tendência é convergirmos para a meta ao longo do ano. Não queremos correr para atingir um superávit de 6% - afirmou o secretário do Tesouro, Joaquim Levy.
O comentário era uma resposta às declarações da ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, que se queixou de superávits mais elevados do que a meta, chamando o fato de ''constrangedor''.
No acumulado dos cinco primeiros meses, o déficit do INSS somou R$ 12,942 bilhões e do Banco Central, R$ 22,4 milhões. Já o Tesouro Nacional registra saldo positivo de R$ 46,661 bilhões.
Pelo menos, os dados do Tesouro indicam que os investimentos do governo em projetos executados pelos ministérios cresceram 14,4% neste ano, enquanto os gastos fixos cresceram menos, à taxa de 10,7%, mesmo diante do aumento do salário mínimo.
- Há um esforço do governo para que haja crescimento mais acelerado do investimento do que da despesa, e este está começando a se refletir nos números do Tesouro - disse.
Pela primeira vez em um ano, o item outras despesas com custeio e capital, composto principalmente por investimentos, superou os gastos com pessoal do governo central - R$ 6,7 bilhões, contra R$ 6,4 bilhões, respectivamente.
Levy destacou os recursos para a concretização da reforma agrária, que finalmente parecem estar deslanchando.
No Rio, o vice-presidente José Alencar considerou o superávit primário excessivo, porém insuficiente para deter o crescimento da dívida, devido à política de juros altos.
- Ainda é muito pouco para que haja equilíbrio fiscal, tendo em vista que os juros com que rolamos a dívida pública é rubrica do orçamento geral da União. Eu ainda tenho muita esperança que vejamos isso. Aprendi que antes tarde do que nunca - afirmou.