Título: BNDES bloqueia empréstimo à Schin
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Fonte: Jornal do Brasil, 25/06/2005, Economia & Negócios, p. A19

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) suspendeu a liberação de financiamentos de cerca de R$ 228 milhões para o grupo Schincariol devido às recentes acusações de sonegação fiscal.

De acordo com a Receita Federal, a empresa está envolvida num esquema responsável pelo desvio de R$ 1 bilhão dos cofres públicos nos últimos cinco anos. Por esse motivo, foram presos na semana passada oito diretores e cerca de 60 funcionários da empresa durante a ''Operação Cevada''.

Segundo o BNDES, os financiamentos foram aprovados em fevereiro e uma ''pequena parcela'' já foi liberada. Os recursos se destinariam à construção de duas fábricas de cerveja, água mineral e refrigerantes nos municípios de Benevides, no Paraná, e Igrejinha, no Rio Grande do Sul. Os valores iniciais eram de R$ 122 milhões e de R$ 106 milhões, respectivamente. Os recursos correspondiam a praticamente metade dos investimentos totais, sendo que o restante seria completado pela própria Schincariol.

Do outro lado, a Schincariol informou que pode ser obrigada a vender duas fábricas e interromper a construção de outra devido à decisão do banco. A empresa, no entanto, ainda não avaliou se terá dinheiro suficiente para quitar dívidas adquiridas para a construção das unidades sem os R$ 228 milhões prometidos pelo BNDES.

A Schincariol também divulgou nota acusando a Ambev, dona das marcas Skol, Brahma e Antarctica, de ter sido autuada por irregularidades fiscais. No entanto, segundo a cervejaria, a Ambev não recebeu o mesmo tratamento dado pela Polícia Federal e Receita Federal para a Schincariol, que teve toda a sua diretoria presa na semana passada.

Em nota oficial, a Schincariol informa que causou estranheza o fato de toda a diretoria da empresa ter sido presa ''no mesmo dia que o grupo faria uma defesa oral, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), contra a fusão entre a Interbrew e a Ambev''.

A Schincariol informou que vem denunciando ao Cade e à Secretaria de Direito Econômico ''as operações anticoncorrenciais da Ambev''. Entre as operações citadas pela Schincariol estão ''o uso de contrato de exclusividade com estabelecimentos comerciais, impedindo que esses pontos de venda comercializem produtos de outras marcas''.

A Ambev informou que não vai comentar as acusações da Schincariol, pois esse é ''um problema entre a cervejaria e a PF e Receita''. O grupo Schincariol reafirmou ''repúdio à operação realizada pela Polícia Federal e Receita Federal, que resultou na prisão de seus diretores e funcionários''.

Segundo a cervejaria, a operação ''não passou de um show cinematográfico montado pelas autoridades policiais''.