Título: Política e cultura dominam as produções
Autor: Danyella Proença
Fonte: Jornal do Brasil, 28/06/2005, Brasília, p. D8

Nesta edição, o Cinesul recebeu 118 inscrições a mais do que no ano passado. Foram 358 títulos dos mais diversos países, muitos dos quais ainda não têm tradição cinematográfica. De acordo com o produtor Leonardo Gravina, o processo de seleção permitiu inferir algumas tendências do cinema latino-americano, como o interesse por documentários que retratem aspectos políticos e culturais. A popularização do vídeo digital também chamou a atenção do produtor, que credita o maior número de filmes ao barateamento proporcionado por essa tecnologia: - Há cerca de quatro anos venho notando essa tendência, mas isso se intensificou nessa edição. Comecei a pedir que botassem o formato em que o filme foi captado na ficha de inscrição e realmente há uma explosão do MiniDV. Hoje, há muitos trabalhos de qualidade filmados em vídeo. O festival traz uma diversidade muito grande de linguagens e temas. Há mais filmes sendo produzidos, sempre abordando o aspecto local com uma abordagem universal - conta Gravina.

Segundo ele, a comissão que selecionou os filmes para o festival teve como princípio o equilíbrio entre os países. Apesar da tentativa de não concentrar as produções da mostra competitiva, três delas vêm da Argentina. Leonardo Gravina destaca a presença de filmes da Bolívia e Costa Rica, que dificilmente conseguem driblar as barreiras de distribuição e entrar no mercado brasileiro. Fazer com que os países latino-americanos conheçam o que está sendo captado pelas câmeras vizinhas é o principal objetivo do festival. Para o produtor e idealizador do Cinesul, a idéia é mostrar que os países hermanos têm dramas semelhantes, mas estão longe de serem iguais:

- São doze anos passando filmes. Fico feliz por darmos uma pequena contribuição para o intercâmbio de experiências. A quantidade de filmes latino-americanos lançados no Brasil está aumentando progressivamente. Acredito que contribuímos minimamente, acostumando as pessoas e mostrando que os filmes latinos não são bichos-de-sete-cabeças - diz Gravina.

O produtor acredita que o festival Cinesul acaba funcionando como uma vitrine para as produções audiovisuais participantes. Ele conta que o filme vencedor pela votação do público tem seu quadro de opiniões divulgado junto às distribuidoras. A partir daí, fica mais fácil fazer que elas se interessem:

- É muito importante trazer pessoas que não se conheciam e que, sem o festival, dificilmente teriam outra oportunidade para trocar idéias. O Cinesul permite esse intercâmbio e acaba tendo peso na circulação dos trabalhos entre os países latinos. Além da barreira da língua, precisamos romper as barreiras culturais - destaca o produtor.